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A Pesquisa em Biblioteconomia

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artigo de Maria Lúcia Andrade Garcia publicado na Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v.1, n.1, 1972.

A Biblioteconomia é uma técnica relativamente nova, vinculada à expansão e ao desenvolvimento do sistema bibliotecário no mundo moderno. Nas suas etapas iniciais organizou-se com base no empirismo e no bom senso, orientada por aquelas experiências mais bem sucedidas na administração de bibliotecas. As duas mais importantes associações profissionais, a American Library Association (ALA) e a Library Association (LA) foram fundadas respectivamente em 1876 e 1877 nos E.U.A. e na Inglaterra. A partir de então, associado ao movimento profissional, foi se criando um corpo de práticas e de processos padronizados para a organização e a operação de bibliotecas de diferentes tipos.

Porém, há que se assinalar para o movimento bibliotecário, tanto do ponto de vista institucional, como profissional e técnico, uma série de eventos recentes, como o aumento explosivo do material bibliográfico, o desenvolvimento dos materiais áudio-visuais, os novos meios de duplicação e cópia, o aparecimento de novas técnicas de armazenagem da informação, a multiplicação dos meios de comunicação rápida, a expansão e a diversificação dos sistemas educacionais, a institucionalização progressiva da pesquisa científica e tecnológica, os processos de automação e de processamento de dados por computador, a emergência dos meios de comunicação de massa, enfim, um conjunto de condições novas que afetam a biblioteconomia tradicional, fincada no tripé do livro-leitor-biblioteca e baseada em técnicas relativamente simples de operar unidades isoladas. Uma infinidade de problemas se acumulam, cujas soluções não podem mais ser dadas pelo empirismo e engenho profissionais, mas pela experimentação controlada e pela pesquisa científica aplicada.

Em termos americanos, a pesquisa penetrou no campo da Biblioteconomia mais marcadamente, com a fundação da “Graduate School” na Universidade de Chicago em 1928. Através dela, tiveram início os “surveys” extensivos e intensivos, sobre bibliotecas públicas, padrões e hábitos de leitura, etc. A partir de 1940, através de diferentes iniciativas, sucederam-se os “surveys” de bibliotecas universitárias. A American Library Association (ALA) sempre teve parte importante no desenvolvimento de muitas investigações, algumas de âmbito nacional, sobre o sistema bibliotecário americano (3). Recentemente, o governo americano vem patrocinando diferentes pesquisas, com o intuito muito evidente de desenvolver e modernizar a tecnologia bibliotecária.

Na Inglaterra, outro centro de Influência importante para a Biblioteconomia, o desenvolvimento da pesquisa sistemática é relativamente recente e data de 15 a 10 anos para cá. (7). Aí, a pesquisa tem sido incrementada pelas duas associações profissionais, a antiga Library Association (LA) e a Association of Special Libraries and information Bureaux (ASLlB) tendo esta última praticamente assumido as pesquisas mais significativas no campo, por sua relação mais estreita com a informação científica e tecnológica e pelo maior suporte financeiro que lhe tem dado o governo inglês.

Há que considerar, tanto para os E.U.A. como para a Inglaterra, a participação das universidades e de instituições de pesquisa no desenvolvimento da pesquisa, quer na execução de projetos patrocinados pelas associações de classe, por órgãos governamentais e privados, quer por seus programas de pós-graduação e de douto- ramento em Biblioteconomia e Informação.*

[+ Não foram indicados outros países cujas pesquisas em Biblioteconomia e Informação estão se desenvolvendo, pois este relato não pretende ter caráter exaustivo.]

Em termos brasileiros, desconhece-se qualquer iniciativa significativa no campo da pesquisa em Biblioteconomia. Entre os bibliotecários, especialmente aqueles mais bem informados destes avanços no plano internacional, tem havido grande preocupação com o assunto, e recomendações têm sido feitas no sentido de que as Escolas de Biblioteconomia assumam, através de cursos e programas de pesquisa, a responsabilidade de iniciar esta atividade no Brasil (o que exigiria como condição prévia a instalação de cursos de pós-graduação, além de outras providências).

Quais seriam as principais áreas de pesquisa no campo da Biblioteconomia? D. E. Schaffer, citado num artigo de Whiteman, diz que as profissões em geral vêem a pesquisa “como uma forma de atividade procurando respostas para questões fundamentais concernentes aos fenômenos do universo.” … (7) A delimitação das principais áreas de pesquisa dentro da Biblioteconomia será determinada por aquelas questões fundamentais para a organização das bibliotecas e dos centros de informação. De acordo com Vickery, elas compõem uma estrutura decisória da maneira como se segue: Quem são ou serão os usuários? Quais são suas aspirações ou necessidades? Quais são as fontes de informação existentes? Quais delas poderão ser utilizadas para satisfazer as necessidades? Quais os meios para prover os serviços? Quais deles serão usados? São os serviços resultantes efetives? São os meios eficientes? Estão todos os recursos sendo usados para produzir o melhor efeito? (6) *

[Cada questão, para ser respondida, comporta uma boa quantidade de investigações, utilizando as mais variadas técnicas. Assim, por exemplo, com relação ao usuário, podem ser usadas técnicas diretas e indiretas de observação do comportamento, estudo de opiniões expressas, análises de necessidades, análise probabilística da demanda e do atendimento das necessidades, etc. (6)]

Agrupando-se as questões quanto ao seu conteúdo, percebe-se que a maioria delas relacionam.se com três termos: o usuário, a fonte de informação e os meios (procedimentos, técnicas. equipamentos). A interrelação destes termos coloca então a questão crucial: corno selecionar os meios mais apropriados para satisfazer as necessidades de informação do usuário, utilizando as fontes de informação mais adequadas? A resposta a esta questão pressupõe a análise e o projeto (design) de um sistema de informação. **

[A abordagem de sistema na análise e no projeto (design) de bibliotecas e centros de informação está sendo usada em um número cada vez maior de casos. A aplicação em projetos de computação pode dar uma enganosa ideia de que é alguma coisa ligada com o uso de computadores, porém a experiência mostrou que esta abordagem é válida para todos os tipos de bibliotecas e centros de informação.
As técnicas usadas incluem O&M (Organização e Métodos) OR (Pesquisa Operacional) e outras, mas todas são usadas para atingir uma meta que resultará num sistema mais capaz de satisfazer os objetivos especificados. Os objetivos do siso tema são vistos no contexto de uma hierarquia e interligação de sistemas semelhantes ou relacionados, não isoladamente." (5)]

Há também que se considerar o contexto em que operam as bibliotecas e os centros de i’2,formação, ou seja, outros sistemas, inclusivos ou não, cuja ação direta ou indireta implica numa série de consequências, a curto, médio e longo prazo, para as bibliotecas e os centros de informação determinando suas limitações e possibilidades, bem como as principais tendências de mudança. Exemplificando: quais as relações que existem entre as bibliotecas e os centros de informação e o sistema educacional? Quais as relações com as instituições públicas e privadas de pesquisa? Quais as relações com a indústria de equipamentos pare serviços de informação, com as editoras com as livrarias? Qual a relação com as escolas de biblioteconomia, as associações de classe, os conselhos profissionais? Outras tantas questões poderão identificar outros sistemas de alguma forma implicados com as bibliotecas e os centros de informação.

Resumindo e de maneira bem simples, poderiam ser delimitadas as seguintes áreas de aplicação da pesquisa em Biblioteconomia:

1. Estudo do usuário e de suas necessidades de informação
2. Estudo das fontes de informação
3. Estudo dos processos e técnicas de armazenagem, recuperação e disseminação da informação
4. Análise e projeto (design) de sistemas de informação
5. Estudo dos sistemas similares e/ou relacionados aos sistemas de informação

Como se pode depreender deste esquema, a investigação em Biblioteconomia tem objetivos pragmáticos como ocorre com a pesquisa em outros campos da tecnologia em geral. De maneira bastante simples, foi definida por Vickery (6) como “qualquer esforço sistemático para investigar problemas e chegar a soluções em serviços de biblioteca e de informação”. Tem, pois, um caráter aplicado. Um outro aspecto que salta à vista é o seu caráter interdisciplinar – todo o desenvolvimento da pesquisa em Biblioteconomia tem sido possível graças a colaboração de especialistas de diferentes campos: das ciências sociais, da matemática, da estatística, da linguística, da informática, da administração etc. Isto também não traz nenhuma novidade pois toda tecnologia se define pelos problemas que se propõe a resolver, sendo natural e usual que, para resolvê-Ias lance mão de conhecimentos e experiências de outros campos, sintetizando-os em soluções que lhe são próprias e que passarão a constituir seu corpo de conhecimentos especializados. A este respeito a Biblioteconomia só tem a lucrar com estas contribuições, porque é à custa delas que poderá preencher o seu “vazio teórico “, tantas vezes posto a nu pelos seus próprios especialistas (4) e outros, como Goode, que, analisando os componentes “profissionais” da Biblioteconomia, concluiu que ela não dispunha de um corpo teórico de conhecimentos abstratos e especializados e que “pouca ou nenhuma pesquisa cor- rente conseguiu desenvolver tais princípios (científicos)”. (1) Isso foi dito há uns 10 anos atrás. A partir de então a situação mudou bastante, exatamente pela intensificação da atividade de pesquisa em caráter interdisciplinar. Seus resultados podem ser avaliados em periódicos especializados como: The Library Quartely, Journal of Documentation, Aslib Proceedings, Research in Librarianship, College & Research Librarles, e também em publicações como: Annual Review of Information Science and Technology, Library & Information Science Abstracts, Llbrary & Informatlon Bulletln, etc.

Com relação à incorporação dos resultados das pesquisas à prática bibliotecária, parece haver uma demora excessiva. Line procurou relacionar uma série de resultados de pesquisa, cujos efeitos no desenvolvimento da tecnologia bibliotecária já se fizeram sentir ou estão próximos a se fazer sentir. (2) Entretanto, observa que a inovação direta e deliberada nas bibliotecas é rara, especialmente nas grandes bibliotecas, dada a inércia da administração e do usuário – este está muito mais pre-disposto a reclamar um atraso de segundos no fornecimento de uma informação de um computador do que um atraso de minutos de um serviço de referência tradicional. Acrescenta que uma grande quantidade de pesquisas ainda não tiveram o menor impacto nas bibliotecas. Este fosso entre o conhecimento novo e sua incorporação à ação ocorre nos dite rentes ramos profissionais e técnicos, apenas sua profundidade não o torna intransponível como pode ocorrer com a Biblioteconomia, se continuar mais apegada às fórmulas feitas e aos argumentos de autoridade do que à observação e à experimentação com os fatos, não acompanhando a revolução que a pesquisa começa a provocar em seu campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. GOODÉ. W. J. Llbraríanshlp: From ocupation to profession. In: ENNIS, P. & WINGER. H. eds. Seven questions about the profession ‘Of librarianship. Chicago. Univ. of Chicago Press, 1962. p. 8-22.
2. UNE, M. B. Innovation resulting from research and development in the lnformation field. 2 The User’s view. As~ib Proceedings, London, 22 (11): 559.67, 1970.
3. LYLE. F. R. An exploration into the origins snd evolution of library surveys. In: TAUBER, M. F. & STEPHENS, I. R. Library surveys, New Vork, Columbia Univ. Press, 1967. p. 3-22.
4. NITECHI,· J. Reflection onthe nature and limits of Iibrary sclence. lhe Joumal of Library Hlsto y, 3(2): 103·19, 1968.
5. SCHUR, Herbert. Systems analysis and design: llbrary and information systems, In:BORKO, H. et alii. Systems analysis: an aproach to Information, Stockholm Sw., FID/TM – Secretariat, s.d. 19 p.
6. VICKERV .. B. C. Methodology in research. Aslib Proceedings. London. 22(12): 597·606, 1970.
7. WHITEMAN, P. M. Tradition, innovation and research In L1brary. Aslib Proceedings, London, 22 (11): 526.37″, 1970. 11


O trabalho dos mediadores da informação: uma comparação entre bibliotecários e agentes inteligentes

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por LAURA ZICK

Tradução de Michele Costa

Introdução

Agentes softwares inteligentes prometem cruzar e organizar espaços de informações para nós, alertar-nos, lembrar-nos, ligar para uma pessoa para consertar a geladeira, comunicar-nos uns com os outros… para alterar fundamentalmente a maneira como realizamos muitas das nossas tarefas diárias. Esses softwares vermelhos e revolucionários tem muito a aprender com os seus colegas humanos: bibliotecários. Enquanto eu leio e penso sobre como sistemas inteligentes raciocinam, procuram, classificam e filtram informações, eu me detenho repetidamente em como bibliotecários fazem exatamente as mesmas tarefas. Os dois atuam como mediadores de informação para o usuário final: os dois negociam espaços de informação e encontram as informações relevantes para um usuário em particular ou um objetivo. Bibliotecários têm realizado eficientemente muitas das tarefas que a comunidade de inteligência artificial agora está trabalhando para criar agentes softwares competentes. Por isso, o desenvolvimento de agentes software podem ser instruídos com uma olhada em como agentes humanos fazem seu trabalho.

Esse artigo vai examinar as características do agenciamento, o trabalho dos bibliotecários como mediadores de informação, as diferenças entre agentes softwares e humanos, as tarefas possíveis para agentes software em bibliotecas, e especular sobre o futuro do agenciamento de humanos e softwares. Bonnie Nardi e Vicki O’Day, de quem muitas das idéias formadoras do meu pensamento vêm, afirmam isso:

“Nós pedimos aos bibliotecários para levarem em consideração e se expressarem sobre seu papel crítico no design de uma ecologia diversa de informações.” .” (Nardi and O’Day, 1996. “What We Learned at the Library,” p. 86).

Esse artigo é uma tentativa de fazer isso.

Definições

A definição de um agente inteligente é bastante controversa, mas essa serve bem: “Um agente inteligente é um software que ajuda pessoas e atua em nome delas. Agentes inteligentes trabalham permitindo que pessoas deleguem trabalho que eles poderiam fazer, para o agente software. Agentes podem, assim como assistentes podem, automatizar tarefas repetitivas, lembrar coisas que você esqueceu, resumir eficientemente informações complexas, aprender com você, e até lhe fazer algumas recomendações.” (Gilbert, 1998).

Note a evidente semelhança para a definição do trabalho de um bibliotecário:

“O usuário trabalha com um profeta (ex. bibliotecário especialista) que: o ajuda a elaborar o problema (ou um estado de conhecimento irregular), descreve o usuário e seu background, entende o tópico ou assunto, monta perguntas ou outros pedidos por informações desejadas, sabe como acessar e apresentar a informação relevante, e dá explicações quando é necessário.” (Fox).

Tanto os bibliotecários quanto os agentes softwares fazem um trabalho que lhes é delegado pelo usuário; os dois dão sua opinião sobre o problema ou a necessidade do usuário; e os dois trabalham nos “bastidores”, realizando tarefas de acordo com a necessidade dos usuários.

Como um bibliotecário lida com uma necessidade de informação típica

“Bibliotecários são mais que técnicos. Eles são, ao que parece, terapeutas da informação que analisam problemas e também encontram respostas” (Nardi, O’Day, and Valauskas, 1997).

Para mostrar uma comparação entre o trabalho feito por bibliotecários com o feito pelos softwares inteligentes, vamos acompanhar o pedido de um usuário típico de uma biblioteca da área médica, do seu estado inicial até o estado em que atinge seu objetivo particular.

Bibliotecários usam o que é chamado de “entrevista de referência” para aprender como avaliar as necessidades dos clientes. A entrevista de referência é geralmente um processo interativo com muitas perguntas e respostas entre bibliotecário e cliente enquanto eles trabalham juntos para refinar a informação desejada. Esse processo pode ser muito delicado: muitos clientes não têm muita clareza sobre o que querem, e um bibliotecário habilitado pode ajudá-los a especificar e comunicar sua necessidade. O objetivo da entrevista é especificar o máximo possível a necessidade do cliente. O bibliotecário se esforça para ter um feedback relevante durante a entrevista, perguntando ao cliente “É isso que você quer dizer?” e “Mais desse jeito?”. O bibliotecário deve aprender sobre o contexto do usuário: conhecimento da situação do cliente, história e preferências, fornecendo um contexto para o questionamento.

Nesse exemplo, um médico identifica uma necessidade de informação e vai até uma das bibliotecárias da área médica na organização dele. O médico tem um paciente que está tomando uma erva medicinal, e o médico não sabe muito sobre ela. Aqui está um diálogo telefônico típico entre o médico e o bibliotecário da área médica:

Médico: Você poderia fazer uma pesquisa sobre uma erva medicinal específica para depressão?

O médico está consciente da disponibilidade desse serviço (e é capaz de fazer a pesquisa ele mesmo, mas prefere – devido à sua falta de familiaridade com o assunto – que o bibliotecário profissional faça isso), tendo usado esse serviço antes, e pede uma pesquisa numa revista da área. O médico expressa sua necessidade de informação de maneira vaga.

Bibliotecária: Você está procurando informações para você ou para dar a um paciente?

A bibliotecária começa o processo de definir a necessidade de informação: se a informação é para o médico, ela sabe que ele vai querer artigos científicos de seus colegas de profissão em revistas especializadas; se a informação é para ser dada a um paciente, ela terá que ser apresentada numa linguagem mais simples e tem que vir de fontes de informações de qualidade direcionadas para consumidores. A bibliotecária está eliminando incertezas, definindo o contexto de informação necessária, e estabelecendo um perfil de um consumidor de informação.

Médico: Eu tenho uma paciente que está tomando uma erva medicinal; ela acha que isso irá ajudá-la com a depressão. Ela se chama “São alguma coisa”.

Bibliotecária: Então você quer informação para você? Para que você possa aconselhá-la sobre como tomar essa erva?

A bibliotecária continua a esclarecer e confirmar o contexto da necessidade de informação.

Médico: Sim. O que você tem? Quando eu posso ter isso?

Bibliotecário: OK, eu vou identificar a erva e encontrar artigos científicos genéricos sobre sua aplicabilidade para a depressão. Quantos anos de artigos você quer que eu pesquise: um, cinco ou vinte?

A bibliotecária confirma o tópico e começa a traçar limites específicos para a necessidade de informação.
Médico: Apenas os últimos anos. Você pode me mandar por fax?

A bibliotecária pede o nome do médico, número de telefone, de fax e o endereço de e-mail, e daí a conversa termina. Depois de obter informações sobre o médico, ela preenche as lacunas de um formulário de pesquisa na literatura especializada existente.

Criando a representação do problema

O próximo passo que o bibliotecário dá é usar sua informação para formular a pergunta na sua mente:

“O bibliotecário contribui para a atividade do cliente e para fazer isso eficientemente cria uma representação da atividade que guia e direciona a pesquisa. Essa representação vai além do entendimento da tarefa do cliente, simplesmente concebida, para uma descrição mais ampla do contexto do cliente, incluindo as suas preferências, limitações e ambiente.” (Nardi and O’Day, 1996. “What We Learned at the Library,” p. 75).

A bibliotecária deve descrever os passos da pesquisa num papel, escolher bases de dados, termos para pesquisa e operadores, ou ela pode apenas formular essa representação mentalmente. Ela considera o custo da pesquisa, a qualidade das bases de dado à sua disposição, o perfil do consumidor, e a utilidade fundamental da informação requerida.

Classificando informação

A pesquisa da bibliotecária depende do trabalho de outros bibliotecários: aqueles que classificam informação indexando e resumindo os artigos incluídos na base de dados MEDLINE, a famosa base de dados clínica que é analisada por médicos, produzida pela U.S. National Library of Medicine. Os artigos na MEDLINE foram classificados a partir da extração de concepções-chave e designação de termos relativos aos assuntos ou a combinação de termos relativos aos assuntos a um vocabulário controlado existente, chamado MeSH (Títulos de Assuntos Médicos). Muitas ferramentas de busca do MEDLINE automaticamente ajustam o termo informado a um termo MeSH apropriado (ex. o usuários coloca “infecção auricular” e o sistema ajusta para “timpanite”). Esse esquema de classificação especializada organiza a informação clínica dentro de uma base de dados, para que o bibliotecário habilitado em pesquisa possa encontrar os artigos mais relevantes rapidamente e eficientemente.

Se a informação não for organizada com cuidado, o trabalho do bibliotecário será muito mais complicado. A rede mundial de computadores (WWW), por exemplo, não é bem organizada: mesmo os melhores programas de indexação e ferramentas de busca são ineficientes quando comparados com o esquema de classificação padronizado aplicado ao sistema de informações da MEDLINE. De fato, a Web tem sido comparada com uma livraria em que todos os livros foram tirados das prateleiras e foram jogados no chão, numa pilha. A classificação da informação que teve lugar nos “bastidores” é fundamental para o trabalho eficiente da bibliotecária, no nosso exemplo.

Encontrando a informação

Uma vez que a representação do problema é estabelecido, a bibliotecária escolhe em qual (is) base(s) de dados vai pesquisar. Já que essa informação será para o médico mesmo, ela escolhe a base de dados MEDLINE. Como o médico pediu os artigos mais recentes, a bibliotecário escolhe a parte da MEDLINE que cobre os anos de 1996 até hoje. O próximo passo é escolher os termos de pesquisa. Sabendo que a MEDLINE é baseada num vocabulário controlado, ela informa o termo “ervas” e depois procura em separado por “depressão”. Ela combina essas duas séries de pesquisa com o operador lógico “and”, resultando em uma citação. Ela vê essa citação e julga que é irrelevante; a estratégia de pesquisa dela deve ser revista. Procurando pelo termo mais amplo “medicina alternativa”, veio como resultado 5.847 entradas; esse grupo se junta com o das ervas, resultando em dez entradas. A bibliotecária dá uma olhada nesses dez e encontra dois que mencionam a Erva de São João. Um dos artigos dá o nome botânico da Erva de São João; ela procura por esse termo; essa pesquisa resulta em oito entradas. Ela dá uma olhada nessas oito e vê que elas se ajustam ao termo MeSH de “agentes antidepressivos”. Ela procura esse termo e o adiciona ao grupo de medicina alternativa, resultando em dezenove entradas. Ela restringe essas dezenove àquelas que estão em língua inglesa e que apresentam estudos sobre humanos, o que diminui o número para quinze. Ela dá uma boa olhada e descarta três que não são aplicáveis ao caso. Ela faz o download dessas doze para o seu disco rígido. Sabendo que o médico pratica a “Medicina baseada na evidência” (EBM, definida como “um esforço para trazer os princípios da continuidade de melhoria da qualidade para sustentar o processo de cuidado do paciente, ao invés de ver a prática como uma forma de arte, em que cada paciente é tratado como um experimento único” – Stead, 1998; p. 26), ela refaz a mesma pesquisa numa base de dados de artigos avaliados pela EBM (Cochrane Database of Systematic Reviews). Com isso, surge um artigo, que ela olha e faz o download. A bibliotecária agora tem um total de treze citações relevantes sobre o assunto. Uma vez com a pesquisa, se ela sentisse que precisava de mais orientações do médico, ela poderia entrar em contato com ele e perguntado que direção específica ele queria que a pesquisa tomasse. Por exemplo, se o resultado da pesquisa fosse um número muito grande de artigos, ela poderia perguntar ao médico como ele queria que ela restringisse os resultados; se ela o conhecesse bem, ela poderia saber que limitar o grupo apenas com artigos científicos seria aceitável para ele e assim, ela não precisaria ligar para ele. Uma experiência anterior com o cliente e o conhecimento do contexto dele para cada informação em particular requerida orienta a bibliotecária na sua pesquisa: se essa tivesse sido a primeira entrevista com esse médico em particular, a bibliotecária poderia ter que levar um pouco mais de tempo para saber sobre suas especificidades e preferências.

Os melhores pesquisadores encontram o caminho certo numa pesquisa, utilizando experiências passadas e o conhecimento sobre o cliente em particular, o domínio do assunto, e as idiossincrasias do recurso para equilibrar as páginas encontradas (a porcentagem de páginas encontradas dentre aquelas disponíveis) e precisão (a porcentagem de páginas encontradas que são pertinentes) e para assegurar a relevância (a adequação das páginas encontradas à necessidade). Esse equilíbrio é delicado e dinâmico, e ilustra a real arte da pesquisa eficiente. A bibliotecária também sabe, por causa da sua educação formal, experiência anterior e familiaridade com as bases de dados que está usando, quando parar a pesquisa. Uma pesquisa pode continuar indefinidamente, por todas as bases de dados, uma atrás da outra, se a bibliotecária não tem o discernimento de saber quando está satisfeita com os resultados. Esse é um grande problema na área médica, principalmente quando o pesquisador fica tentado a pensar que se ela ou ele continuarem pesquisando, vão encontrar aquele artigo que irá salvar uma vida. A decisão de parar é geralmente uma decisão intuitiva e também importante para maximizar as limitações de tempo, computacionais e financeiras que um bibliotecário deve sempre equilibrar com o desejo da plenitude de resultados.

Filtrando a informação

“A filtragem da informação é um processo em que um agente filtrador lê cada documento numa linha de informação e a compara com um grupo de perfis de interesses. Se o documento combina com o perfil, o filtro o manda para a caixa de entrada do usuário apropriado ou a armazena em algum lugar para o usuário. O resto dos documentos é descartado.” (Williams, 1996; p. 174)

A bibliotecária filtrou a informação de três diferentes maneiras: primeiro, o ato de selecionar uma base de dados ou mais para pesquisar foi uma atividade de filtragem. Essa escolha estabeleceu os limites dos resultados e definiu o espaço de pesquisa, incluindo o quanto a pesquisa poderia se aprofundar e até onde ela poderia ir. A segunda maneira como a bibliotecária filtrou a informação ocorreu no ato da escolha de termos e operadores (que também afetam os limites da pesquisa). Finalmente, quando ela eliminou falsas entradas (ruído) dos resultados, ela estava filtrando o resultado que o usuário final veria. Utilizando seu conhecimento do contexto da necessidade de informação e o perfil que ela construiu do usuário, ela pôde identificar resultados úteis para o médico, relevantes para o contexto específico da sua necessidade de informação em particular.

Formatando a informação

Bibliotecários fazem mais do que conectar pessoas com informações soltas: eles usam seu saber para ajudar clientes a fazer a informação ter sentido para eles. Bibliotecários geralmente organizam resultados de pesquisas e outros produtos de informações em séries personalizadas para seus clientes. A bibliotecária em nosso exemplo usou suas citações selecionadas para criar um relatório para o médico. Ela provavelmente adicionou uma folha de rosto com informações sobre como contatar sua biblioteca, arrumou as citações para que as partes que o médico precisasse estivessem presentes e descartou as que ele provavelmente não precisaria. Ela deve ter ordenado os resultados por relevância, e deve ter indicado no relatório quais artigos estavam disponíveis na biblioteca dela.

Bibliotecários como agentes cooperativos e distributivos

Bibliotecários podem ser vistos como agentes cooperativos e distributivos. Bibliotecários informam e negociam uns com os outros; a cooperação é construída na estrutura do trabalho na biblioteca. Não é exagero dizer que não existe um bibliotecário que trabalhe realmente sozinho: bibliotecas com apenas uma pessoa certamente existem, mas aquele bibliotecário solitário trabalha dentro de uma comunidade de bibliotecas. Na verdade, há uma comunidade internacional de bibliotecários. Pro exemplo, um bibliotecário pode se conectar a um sistema de bibliotecas chamado WorldCat e dizer a um cliente, dentro de alguns minutos, quais bibliotecas do mundo possuem um exemplar de um certo livro. Mais ainda, um bibliotecário pode, com alguns cliques, enviar um requerimento para qualquer uma dessas bibliotecas pedindo para que se faça um empréstimo daquele livro para o cliente.

Bibliotecários confiam uns nos outros em outras atividades; muitos bibliotecários praticam o desenvolvimento de coleções cooperativas. Nenhuma biblioteca da área médica, por exemplo, pode pagar pela assinatura de todas as revistas da área médica publicadas. Quando há a possibilidade de uma compra, o pessoal sempre procura saber se alguma biblioteca das redondezas possui aquele título, com a qual eles podem fazer um acordo de cooperação.
As bibliotecas comunicam e compartilham informações de maneira fantástica. Bibliotecários são ótimos usuários de listas de e-mail da internet; algumas das listas com maior volume de informações são aquelas compostas por e para bibliotecários. Bibliotecários se comunicam o tempo todo: via e-mail, telefone, fax, e pessoalmente. Por exemplo, eu compareci a um encontro anual da Associação de Bibliotecas de Saúde da Indiana recentemente. Depois de um jantar, esse grupo de cerca de trinta bibliotecários ficou até quase onze horas da noite conversando, trocando idéias, estratégias e histórias. Eu fiz uma pequena apresentação na manhã seguinte. No dia seguinte, eu mandei cópias do meu planejamento de marketing extensivo por e-mail para bibliotecários de toda a Indiana que pediram. Nós temos poucos segredos e confiamos uns nos outros sem restrições.

Pela natureza do nosso trabalho, bibliotecários são criaturas colaboradoras, que se comunicam constantemente e extensivamente. Nós distribuímos informação, compartilhamos documentos, estratégias e inovações uns com os outros. Aqueles de nós com saber no campo da medicina fazem perguntas a bibliotecários da área de direito, por exemplo. Um bibliotecário sozinho pode até ser visto como um sistema de agentes distributivos: um bibliotecário de referência coloca em campo o questionamento, passa para aquele da parte de aquisição (que faz as compras); o dos sistemas consulta o bibliotecário da área médica…

Cada bibliotecário atua de forma independente com a constante opção de consultar outro agente bibliotecário. Dentro do campo da biblioteca, bibliotecários compartilham eficientemente conhecimentos e habilidades.

Semelhanças entre agentes bibliotecários e softwares agentes – humanos e máquinas – possuem certas características. Agentes atuam em nome de um cliente realizando tarefas que o usuário não quer ou não sabe como fazer sozinho. Os dois agentes, humanos e softwares, trabalham “nos bastidores”; a maior parte do trabalho de uma biblioteca de agentes humanos é invisível de propósito. “Agentes humanos fazem questão de fazer seu trabalho parecer fácil. De um certo modo, isso é parte do serviço que prestam.” (Nardi and O’Day, 1996. “What We Learned at the Library,” p. 79).

Tanto agentes humanos quanto softwares começam a atingir um objetivo ou resolver um problema construindo a representação situacional de um problema. Agentes softwares criam essa representação usando o conhecimento de técnicas de representação como a lógica do ordenamento primário e a do predicado. Agentes são guiados para seus objetivos: eles procuram resolver um problema específico, satisfazer uma necessidade específica. O contexto é de fundamental importância para os dois agentes; objetivos e recompensas dependem da situação. Cada ato de informação fica sem sentido quando não é relacionado a alguma meta específica.

Tanto agentes humanos quanto softwares dominam certas áreas de conhecimento (ex. nenhum é especialista em todas as áreas de conhecimento). Agentes realizam seu trabalho usando alguma variação do perfil de um usuário. Agentes procuram minimizar seu trabalho buscando o equilíbrio e a alocação eficiente dos recursos temporais, financeiros e computacionais. O trabalho dos agentes, tanto humanos quanto softwares é de natureza interativa. Ao checar resultados, há muitas perguntas e respostas. Os dois têm como objetivos eficiência e otimização. Os agentes mecanizados usam inteligência artificial para atingir a otimização dos seus objetivos. Bibliotecários alcançam a otimização através do empenho para obter resultados relevantes rapidamente e com o melhor custo-benefício (como por exemplo, escolhendo uma base de dados mais barata, ao invés de uma mais cara). Os dois agentes trabalham em mundos incertos. Seus ambientes são dinâmicos e os próprios agentes afetam o estado da informação. Agentes humanos e softwares enfrentam muitos dos mesmos desafios, preocupações, e objetivos.

Diferenças entre bibliotecários e agentes softwares

Além de todas essas semelhanças entre bibliotecários e agentes softwares, há também diferenças marcantes.

Pouca consistência

Todos os programas de software inteligentes enfrentam o problema da pouca consistência: como eles podem funcionar bem numa tarefa que esteja do seu domínio limitado? Eles podem se sobressair no xadrez, mas ficam perdidos quando lhe pedem informações óbvias. Bibliotecários raramente são pouco consistentes: na verdade, somos tão ágeis ao lidar e encontrar nosso caminho pelos espaços da informação que nos tornamos modestos demais. Nossa flexibilidade ante cada pedido dos clientes é geralmente incrível. Como bibliotecária da área médica, eu tenho um pé nos dois mundos: biblioteconomia e medicina (na verdade, eu poderia adicionar marketing e educação e outras áreas nessa afirmação). Bibliotecários são muito flexíveis; na verdade, flexibilidade é uma chave para a nossa utilidade e relevância futuras. Usuários de bibliotecas ficam frequentemente assustados com a quantidade de informação que um bom bibliotecário tem em sua mente. (ex. “Sabendo do projeto em que você está trabalhando, eu vi este artigo e imaginei que poderia lhe interessar”).

Atitudes dos usuários

A aceitação de um agente por um usuário é algo bastante singular e baseado em preferências pessoais, níveis de habilidade, e experiências anteriores com um agente. Usuários têm vários níveis de habilidade. Muitos preferem delegar a maior parte das tarefas de pesquisa de informação para um bibliotecário; alguns preferem procurar sozinhos. Alguns usuários nunca vão se sentir confortáveis com os resultados que um software lhe oferece; outros usuários preferem lidar com computadores a lidar com pessoas. Alguns usuários superestimam suas habilidades tecnológicas e alguns são uns antiquados que sentem faltam do catálogo de cartões com suas chamadas em papel. Alguns usuários necessitam de um toque humano, preferindo uma tempestade de idéias com um bibliotecário a lidar com um programa de computador literal. Quando uma pessoa tem uma boa experiência com um bibliotecário ou um software, esse usuário provavelmente vai usar este agente no futuro novamente.

Competência

Um bom bibliotecário é mais competente que um agente software no momento atual. Um bibliotecário realmente bom tem que se desenvolver por experiência e treinamento, assim como os agentes softwares fazem, mas o tempo de desenvolvimento de um agente humano é menor do que o de um software. Bibliotecários “custam” menos para serem instalados, e também para falarem. “Alugue” um, dê a ele ou ela cerca de um ano para se adaptar à velocidade da informação,e você tem um agente profissional que vai fornecer aos clientes informações relevantes. Uma vez instalados, no entanto, os bibliotecários são muito mais caros para manter e são mais lentos em seu trabalho do que os softwares. A comunidade de inteligência artificial está trabalhando para fazer agentes softwares mais ágeis e competentes. É apenas uma questão de tempo até que a inteligência artificial tenha instalações completamente apropriadas para realizar tarefas de baixo nível de referência de bibliotecários.

O futuro: Colaboração

Aqueles de nós que trabalham em bibliotecas têm ouvido falar das duas teorias: o bibliotecário humano é obsoleto – refere-se à “Teoria da Redundância” de Hathorn (1997) – e o outro extremo: esse é o momento do bibliotecário agarrar o anel de metal (internet) e fazer nossa organização mágica da sobrecarga de informação existente. Hathorn chama isso de “Teoria dos Mestres do Universo”. Na minha opinião, isso não vai chegar a nenhum dos extremos, apesar da ameaça da obsolescência ser real se nós bibliotecários não começarmos a fazer marketing das nossas imagens e lidarmos com elas. Um futuro lógico da informação vai incluir bibliotecários humanos e agentes softwares inteligentes. Já que uma inteligência artificial genérica real não está ainda à vista, um futuro de colaboração faz mais sentido. Agentes softwares podem automatizar algumas das mais tediosas e repetitivas tarefas e bibliotecários podem ficar livres para fazer o que fazem de melhor; orientar os usuários no labirinto até a melhor informação para aquela necessidade particular dele.

“Ao invés de ver agentes humanos e softwares como competidores, disputando o mesmo lugar no nosso mundo, o caminho mais sábio é potencializar os pontos fortes de cada um, deliberadamente delineando práticas de trabalho e acordos institucionais que reflitam e explorem a possibilidade de colaboração entre agentes humanos e softwares”. (Nardi and O’Day, 1996, “What We Learned at the Library,” p. 83)

Exemplos dessa colaboração incluem os cenários abaixo:

Mediação entre pesquisador e informação:

• Assistência com base de dados e seleção de sites da internet;
• Pesquisa e retorno automáticos – baseados nas perguntas dos usuários – da internet, bases de dados online, e/ou depósitos de informações comuns;
• Assistência com estruturação de questionamentos (ex. Ajustando termos dos usuários a vocabulários controlados, subtítulos, e termos de thesaurus, sugerindo termos e conceitos semelhantes) ;
• Assistência com modificações de estratégias;
• Assistência com a interpretação e seleção dos resultados.

Referência virtual / automática:

• Bom para serviço de referência 24hs;
• Útil para prestar serviço a usuários de bibliotecas distantes geograficamente;
• Útil para usuários que não tenham possibilidades físicas ou não queiram ir à biblioteca pessoalmente;
• Fornece a criação e apresentação de contextos sensíveis e automáticos de perguntas frequentemente feitas sobre referências;
• Tutoriais orientados (ex. Pesquisa em base de dados, aprendendo e usando aplicativos); e,
• Indexando e resumindo; designando termos de indexação (combinação automática a tesaurus e vocabulários controlados) e resumindo (identificando frases-chaves).

Automatizando processos seqüenciados:

• Recomendação de títulos para aquisição;
• Atualizando bases de dados quando os títulos mudam ou acabam;
• Identificando algumas seqüências que estão faltando e fazendo reivindicações; e;
• Processando estatísticas e gerando relatórios.

Processando empréstimos entre bibliotecas:

• Identificando as melhores fontes para os documentos requeridos;
• Encaminhando documentos de requerimento para a fonte;
• Atualizando e notificando o pessoal da entrega do documento sobre o andamento de requerimentos em aberto;
• Arquivando requerimentos terminados; e;
• Gerando relatórios (ex. estatísticas sobre a entrega de documentos).

Aquisições:
• Recomendando aquisições baseadas em orçamento, análises, tamanho e tipo da instituição, histórico de compras e rejeições etc;
• Missão de encontrar vendedores para os itens selecionados para aquisição;
• Automatização do catálogo de cópias (e ser capaz de lidar com diversos formatos); e;
• Função de aconselhamento para a catalogação humana (ex. assegurando o cumprimento de regras, eliminando duplicidades, identificação automática dos principais termos de lançamentos, catalogando tutoriais).

Circulação:
• Checando itens determinados para usuários;
• Gerando avisos de atraso;
• Processando renovações;
• Gerando estatísticas e relatórios de circulação; e;
• Gerando faturas para materiais perdidos ou em atraso.

Bibliotecas digitais:

• Indexando e classificando documentos; pesquisando e retornando documentos.
Reunindo e selecionando informações pessoais:
• Serviços personalizados de conhecimento atual;
• Pesquisa automática e personalizada (às vezes em cooperação com outros agentes especializados no assunto);
• Geração de jornais pessoais e web sites (ex. MyYahoo!);
• Ferramentas de pesquisa personalizadas;
• Programas de filtragem e seleção de e-mails;
• Recomendações de itens e sites de interesse pessoal; e;
• Tradução de documentos para outras línguas (Zick, 1999).

Conclusão

Bibliotecários estão pensando bastante sobre o futuro da biblioteconomia. Estamos sendo redundantes? Podemos ser substituídos por sistemas inteligentes? O que temos a oferecer que as máquinas não podem reproduzir? Um artigo sobre esse assunto sugere o que vem abaixo como “Características fundamentais do novo profissional da informação” :

• Orientar-se frente a um futuro incerto
• Colaborar
• Priorizar e manter agilidade e flexibilidade frente a objetivos mutáveis
• Delegar
• Entender as capacidades centrais da organização de alguém, de um grupo de trabalho, e dos colegas (Griffiths,1998, p.8)

Essas sugestões são quase idênticas aos objetivos do desenvolvimento dos agentes softwares inteligentes: evitar a ambigüidade, colaboração entre agentes, dar poder ao usuário, e a personalização da informação para um usuário em particular. Bibliotecários e agentes softwares inteligentes devem trabalhar juntos para equilibrar eficientemente suas cargas de trabalho da maneira mais otimizada possível para um usuário em particular e dentro do contexto específico desse usuário. Bibliotecários precisam resistir a ficar na defensiva sobre nossos empregos e nossos valores e nos concentrar em quais tecnologias e quais métodos fazem mais sentido para nossos clientes. Uma vez que decidimos acerca desses métodos, precisamos fazer o nosso trabalho da melhor forma possível para obter essas tecnologias, instruir nossos usuários como eles precisam ser instruídos, distribuir o conteúdo de melhor qualidade possível através dos nossos métodos. Se algum bibliotecário antiquado precisar atualizar suas habilidades, que o faça.

Visões otimistas demais do futuro devem ser evitadas. A promessa de soluções fáceis baseadas em novas tecnologias deve ser baseada em fatos e comprovadas, não apenas baseadas em leituras entusiasmadas de um tecnófilo. Quem fez o trabalho não é tão importante quanto o fato de que o trabalho foi feito da melhor forma para o cliente.

“Bibliotecários estão se tornando mais importantes nesse universo centrado na informação. Agentes inteligentes podem atuar como catalisadores para elevar o papel dos bibliotecários como a aurora do próximo século, anunciando um renascimento na ciência da informação e biblioteconomia. Bibliotecários já estão representando novos papéis como fornecedores de conteúdos, estrategistas de pesquisas, catalogadores digitais e mecânicos da informação. Esses papéis vão se ampliar, e novas oportunidades vão surgir, com o desenvolvimento dos verdadeiros “agentes inteligentes” que se constróem através da experiência de bibliotecários e profissionais da informação.” (Valauskas, 1997)

Nossos usuários estão mais e mais sobrecarregados todos os dias e apenas uma abordagem conectiva entre práticas de trabalho inteligentes vai ser mais útil para eles.

Sobre a autora

Laura Zick é uma bibliotecária especializada na área médica e ciência da computação no Programa de Treinamento de Bibliotecas da área médica e informática do Clarian Health Partners, Inc. in Indianapolis, Indiana. Ela obteve o título de mestra de ciência da informação pela Universidade de Indiana e é membro da Academia de Profissionais da informação de saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana, e muitas organizações profissionais. Seus interesses de pesquisa incluem aqueles assuntos de informática e medicina como medicina baseada em evidências, inteligência artificial na medicina, os comportamentos de profissionais da área da saúde na busca da informação… todos com o objetivo final de trazer inteligentemente, eficientemente e plenamente informações baseadas em conhecimentos da melhor qualidade para as atender as necessidades dos clínicos.

E-mail: laura@dochzi.com
Web: http://www.dochzi.com/

Original: http://www.firstmonday.org/issues/issue5_5/zick/

Traduzido e publicado com autorização da autora
Translated and published with permission of the author

Conectando os pontos: software social e a natureza social das bibliotecas

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por GEOFF HARDER

As bibliotecas sempre conectaram pontos. Nós conectamos as pessoas com informação, nós conectamos idéias às imaginações e nós conectamos indivíduos às comunidades. É por isso que o software social continua sendo um item bastante abordado em programas de conferências entre bibliotecários e nas publicações voltadas para o público dos profissionais das bibliotecas, tanto online como offline. Mesmo com as discussões sobre o movimento da Web 2.0, e a sua cria, Biblioteca 2.0, o software social – a conexão das pessoas entre pessoas utilizando softwares e a Internet – continua a ser um grande fator nas discussões sobre o que é agora e o que vai ser para os bibliotecários na vasta paisagem da informação.

Software social, sucintamente definido, é o “software que dá suporte à interação em grupo”. Ele também conecta os pontos entre pessoas e pessoas, entre pessoas e seus interesses, e entre o que pode ser com o que já é. O ano é 2006 e o debut do web browser em 1993 parece história antiga, especialmente para muitos calouros agora entrando em (ou lamentando) seu primeiro ano de universidade. Para aqueles um pouco mais velhos, nós saímos de um tempo onde para muitos, a web permanecia uma tecnologia de “leitura-apenas”, para uma era onde a maioria pode “ler-escrever-participar”. Mas o que isso significa para as bibliotecas, pesquisadores, autores e editores? Como nós nos situamos no novo mundo dos blogs, wikis e usuários de tags que ousam questionar a praticidade dos nossos cabeçalhos de assunto cuidadosamente elaborados?

Eu sugiro que nós comecemos a abrir nossos olhos e ouvidos coletivos – “show me the love”. É isso aí, garotada. Nós estamos vivendo em um tempo onde os usuários estão mostrando seu entusiasmo pelos cabeçalhos de assunto e os tags anteriormente conhecidos como metadados. Metadados – imagine! Um tempo onde as pessoas estão catalogando e etiquetando entusiasticamente livros, sites, imagens e agora vídeos! Um tempo em que as pessoas estão escrevendo aberta e honestamente sobre livros que leram, filmes que viram, políticas com que estão preocupados, e as melhores e piores práticas de suas ocupações e profissões! Eles estão criando suas próprias enciclopédias – com tendência para opinião, não podemos negar – mas abertos à crítica de qualquer um que ouse ler e contribuir com as entradas. E por quê? Raramente alguém fica rico por blogar ou gastar tempo com o Wikipedia. Por que alguém investiria tempo em tal hobby?

Por que? Porque eles são apaixonados, são interessados e receberem uma nova caixa de ferramentas. Eles são apaixonados por suas profissões, seus hobbies, seus interesses e o que está acontecendo com o mundo a sua volta. Eles vêem um benefício em se conectar com outras pessoas, tanto dentro de seu círculo local como além. Eles estão interessados em compartilhar seu conhecimento, experiência e opiniões, e conectar em um nível com outras pessoas que podem estar interessadas em conectar esses mesmos pontos.

Umm. Isso parece muito com o que as bibliotecas sempre tentaram encorajar e facilitar. Isto é, o compartilhamento de informação em um ambiente livre e aberto onde o diálogo traz a verdade e elimina as falsidades. Onde a diversidade de opiniões e a liberdade de expressão não são apenas respeitadas, mas ativamente promovidas e ampliadas. Onde as habilidades de information literacy são ensinadas na esperança de que as pessoas aprendam a como engajar com a informação, a mídia, os editores e a academia com uma visão para compreender o que faz sentido e o que merece ser analisado.

Um talentoso grupo de bibliotecários escritores se uniu para criar o que nós esperamos que seja interessante para o engajamento. Você aprenderá sobre Wikipedia, blogs, RSS, bookmark social, tags e a crescente do jornalismo cidadão. Considere estes tópicos cuidadosamente sempre que encontrar algum ponto das bibliotecas sobre o plano social da Internet.

—————————————
1. “Web 2.0.” Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Web2.0
2. “Library 2.0.” Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Library_2.0
3. Christopher Allan. “Tracing the Evolution of Social Software.” Life With Alacrity. http://www.lifewithalacrity.com/2004/10/tracing_the_evo.html
4. Terminologia inventiva de Stephen Colbert para a “qualidade em que uma pessoa sustenta saber algo emocionalmente ou instintivamente, sem se preocupar com evidências”. Veja “Truthiness.” Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Truthiness

Traduzido e publicado com autorização do autor e da CLA

Artigo original disponível em
http://blogdriverswaltz.com/?p=764 e http://www.cla.ca/feliciter/v52n2.html

A emergência em sistemas baseados em folksonomias

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José Alexandre Costa de Lacerda, Pedro Gonzaga Valente
Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC)
Universidade Federal de Santa Catarina
{zelacerda,pedro.valente}@gmail.com

1 Introdução 

A web, com todas as suas páginas, sites e aplicações, é um exemplo clássico de sistema, na definição proposta por Bertalanffy (1977), já que é composta por um conjunto de elementos (as informações) inter-relacionados (através de hiperlinks). Também é fácil verificar que trata-se de um sistema complexo e emergente: a criação de links entre as páginas não obecede a nenhuma ordem superior, sendo que a “forma” atual da web é resultado da soma de todas as ações dos seus componentes.

Porém, o fato de um sistema ser emergente não implica, necessariamente, que seus sub-sistemas também devam sê-lo. No caso da web, essa dissociação ocorre com relativa freqüência. Boa parte dos sistemas que permitem a navegação na internet ainda seguem um paradigma de organização do tipo top-down, onde as regras vêm de cima.

A situação parece estar mudando, e de forma acelerada. Em um período de menos de um ano, surgiram na internet sistemas onde a participação do usuário é bem maior do que simplesmente a produção do conteúdo. Nestes casos, o usuário também participa efetivamente na classificação das informações, tendo o poder de influir no que é apresentado como o mais importante, tanto para ele como para outros usuários com interesses em comum.

A disseminação dessa forma colaborativa de classificação de informações é tal que alguns autores já sugerem numa nova revolução dentro da própria revolução que a internet representa. Fraser (2005), por exemplo, imagina que esses ambientes colaborativos baseados em folksonomias – tema central deste artigo e que será discutido em detalhes ao longo do texto – estão ajudando a criar um novo idioma local para a web.

A tendência recente também tem influenciado grandes corporações. A IBM, por exemplo, reconhece que errou ao conceber seu sistema de intranet para seus funcionários de “cima para baixo” (ORDMAN, 2005), a agora corre atrás do tempo perdido, estudando adotar em seu sistema de gestão de conhecimento ferramentas que utilizam folksonomias como uma forma eficaz de atender aos cerca de 315 mil funcionários espalhados pelo mundo e que, além de falarem diversos idiomas, possuem funções e interesses diferentes (GIBSON, 2005).

A Teoria Geral de Sistemas fornece um bom método para a análise da evolução dessas ferramentas, em especial através da classificação entre as naturezas top-down e bottom-up. Mas para que a comparação entre esses dois tipos de sistema seja possível, é necessário antes de tudo entender como funcionam os sistemas criados de cima para baixo, ou teleológicos.

1.1 Top-down – Classificação “goela abaixo” 

Para a análise do ambiente da internet como um sistema, duas características presentes na definição de Bertalanffy (1977) devem ser observadas: os elementos, que correspondem aos conteúdos disponíveis – principalmente na forma de páginas web, geradas dinamicamente ou não – e a interdependência entre esses elementos, representada pelos links que permitem a navegação e a classificação dos conteúdos.

Com relação aos elementos do sistema, é possível afirmar que estrutura da rede, de maneira geral, já é emergente, não merecendo uma análise mais aprofundada. Isso se torna evidente com a proliferação de serviços para a criação de conteúdo, como blogs e páginas pessoais. Graças a eles, os elementos do sistema surgem “de baixo” e não seguem uma ordem superior. Porém, com relação à classificação da informação (tanto na forma quanto na sua relevância), verifica-se que a internet foi, até pouco tempo, essencialmente estruturada de cima para baixo.

A classificação de sites foi, em boa parte dos primeiros anos da web comercial, dominada pelos serviços de diretório. O exemplo mais bem-sucedido foi o Yahoo!, que apesar de hoje ser um conjunto de serviços em constante evolução, iniciou suas operações como um imenso catálogo de links, divididos de acordo com uma taxonomia própria. Ao usuário comum ou outro produtor de informação (como uma empresa ou outra instituição) cabia apenas solicitar ao serviço a inclusão de uma URL para seu site, porém seguindo a taxonomia do Yahoo!, que enquadrava o link em uma seção já definida. Não era possível, por exemplo, criar uma nova sub-seção dentro do sistema. Se o usuário criasse um site sobre um novo conceito inventado por ele, digamos, “Sistemas colaborativos”, era impossível “dizer” ao Yahoo! algo como: “Esta é uma área totalmente nova de pesquisas, portanto crie uma nova seção para ela e inclua meu link dentro desta categoria”. O Yahoo! foi, nos seus primeiros anos, exclusivamente um sistema top-down.

No Brasil, o site Cadê? é um exemplo semelhante. Além das regras taxonômicas serem previamente definidas por seus mantenedores, outras características típicas de um sistema que se estrutura de cima para baixo eram (e ainda são) observadas. Por exemplo: em uma determinada seção (serviços de hospedagem), a ordem alfabética dos links é uma regra que pouco tem a ver com a relevância para o usuário.

Em 1998, com o surgimento do mecanismo de busca Google, a emergência na classificação das informações obtém um avanço. O Google, criado por Sergey Brin e Larry Page, na época estudantes de Ph.D. da Universidade de Stanford, adota um algoritmo denominado PageRank para dar relevância aos resultados de uma busca, tendo como base a quantidade de links que apontam para cada página (BRIN, PAGE, 1998). Dessa forma, são os elementos do sistema que determinam a hierarquia dos links, e a popularização do Google contribui para gerar uma estrutura do tipo bottom-up, ainda que restrita ao domínio do próprio serviço.

Como será visto adiante, os conceitos que devem permitir a emergência plena da internet são bem mais recentes. É possível citar dois em especial: a web semântica (LEE, 2001), que por ainda não estar amplamente disseminada não será objeto de análise deste artigo, e a folksonomia, termo cunhado há menos de um ano.

2 Bottom-up – A ordem que emerge do caos 

2.1 O que é uma folksonomia

A folksonomia se refere à categorização espontânea da informação, feita em cooperação por um grupo de pessoas, diferente dos métodos tradicionais de classificação facetada.

Ela surge tipicamente em comunidades não-hierárquicas, sites de acesso público, por exemplo. Como os próprios usuários são os organizadores da informação, isso produz resultados que refletem mais precisamente o modelo conceitual de informação desta população. O neologismo, que numa tradução aproximada significaria “taxonomia popular” foi criado por Thomas Vander Wal (2004).

2.2 Como funcionam as folksonomias 

Um sistema que usa a folksonomia deve ser baseado em tags, mas não apenas isso. Se fôssemos determinar regras para identificá-lo, poderíamos considerar que ele deve ter o seguinte:

O objeto que recebe as tags. Simplificando, podemos considerar este objeto como uma URI (Identificador Universal de Recursos). Ela pode representar um site, uma página específica, um arquivo de texto, uma imagem, um vídeo, uma música ou qualquer outra coisa que se possa acessar via Internet ou que tenha uma representação na rede (numa rede de relacionamentos, por exemplo, as tags podem se referir a uma pessoa, mas estarão vinculadas a uma URI que representa esta pessoa).

As tags. São palavras, siglas ou qualquer código pessoal, determinado livremente pelo usuário, de acordo com a sua conveniência. Um objeto pode receber um número ilimitado de tags.

Os usuários. São os agentes do sistema, que atribuem tags aos objetos. A princípio, sua ação é de interesse pessoal, mas desta ação emergem resultados interessantes. Quando vários usuários usam a mesma tag, por exemplo, isso que permite utilizar algoritmos de recomendação, modelo de usuário e filtragem colaborativa em cima delas.

Um trabalho que explica com detalhes como funcionam os sistemas de “bookmarks sociais” é o de Hammond (2005). São avaliadas algumas iniciativas no campo das “ferramentas sociais de bookmarks” – cujo principal exemplo é o é o del.icio.us – e identificados dois pontos-chave que permitiram o surgimento destas ferramentas:

1. Software de servidor destinado especificamente ao gerenciamento de links, com um viés forte de redes sociais.

2. Uma abordagem ‘desavergonhadamente’ aberta e não-estruturada em relação à etiquetagem (tagging), ou classificação pelo usuário, destes links. (HAMMOND et alii, 2005)

Uma ponte com o termo “arquitetura da participação” de Tim O’Reilly (2003) também é feita. Embora O’Reilly se refira à comunidade de desenvolvimento em código aberto, os sistemas de bookmarks sociais também compartilham a mesma característica: “quanto mais eles são usados, mais valor agregam ao próprio sistema e, conseqüentemente, a todos que participam dele”.

Para Thomas Vander Wal, o del.icio.us, que foi criado por Joshua Schachter, utiliza conceito de “Folksonomia Ampla” (WAL, 2005), no qual pode-se ver em cada objeto o número de vezes em que cada tag foi utilizada para descrevê-lo. Isso permite identificar tendências no uso de termos, entre outras observações relevantes.

Ele atribui o termo “Folksonomia Estreita” ao Flickr, produto criado pela empresa Ludicorp e recentemente adquirido pelo Yahoo!. Ele permite aos usuários guardarem fotografias e atribuírem tags às suas imagens e álbuns. Um dos usos básicos do sistema é o compartilhamento entre conhecidos, usando tags como “aniversario” e “juquinha” nas fotos. A folksonomia do Flickr é estreita, na definição de Vander Wal, por deixar de lado a dimensão da quantidade de vezes que uma determinada tag foi utilizada na descrição de uma foto.

O Technorati tags é outro tipo de iniciativa, um site centralizador. Ele faz uma varredura na Internet e reúne em uma só página conteúdo classificado com tags em blogs, no del.icio.us, no Flickr e em outras fontes.

Uma nova geração de serviços também usa a folksonomia para a classificação de eventos e lugares. O EVDB (Events and Venues Database) é um exemplo. Usuários cadastram tags, a data e o local dos eventos que participarão (shows, seminários, etc.). Com isso outros podem navegar por qualquer uma das informações.

Na área das redes sociais, a cada dia surgem novos exemplos. O consumating.com é um site de encontros, onde cada pretendente usa tags para se auto-definir e para encontrar sua alma gêmea.

2.3 Caindo de maduro

Zeitgeist é uma palavra em alemão que significa o espírito (geist) da época (zeit). O fenômeno se observa quando pessoas com diferentes bagagens sociais e culturais e com as mais diversas experiências de vida experimentam uma certa visão de mundo similar, causada pela exposição coletiva aos mesmos estímulos do ambiente em uma determinada época.

Um exemplo claro do zeitgeist em ação ocorre de tempos em tempos na comunidade científica. Em diferentes partes do mundo, pesquisadores sem nenhuma relação aparente chegam às mesmas conclusões quase simultaneamente. O avanço coletivo das áreas do conhecimento abriu a possibilidade para que um novo degrau fosse escalado. Como se diz popularmente, uma nova descoberta estava “caindo de madura”, e ambos os pesquisadores perceberam.

A Internet potencializa de forma impressionante estes acontecimentos, por colocar à disposição instantaneamente, ao mundo todo, a dinâmica da evolução do conhecimento.

O Google Zeitgeist é um serviço que ajuda a perceber a direção em que o espírito da época nos leva. Ele mostra as buscas mais populares na internet sobre diferentes tópicos e diferentes países e línguas. O ponto positivo é: dá um panorama geral dos interesses da “humanidade” conectada à web. O ponto negativo: é uma página editada pelo Google, aparentemente valorizada pelo “inusitado” e “curioso” e pouco atualizada. É top-down.

Outra maneira de se analisar o espírito de uma época (no que se refere a usuários de Internet, pelo menos) é visitar as entradas mais populares dos sistemas baseados em folksonomias. O del.icio.us/popular tem provado ser uma excelente ferramenta na detecção de “memes” no berço. Um meme (DAWKINS, 1976) é uma unidade de informação que se auto-propaga. O termo, introduzido por Richard Dawkins no seu livro “O Gene Egoísta”, pode representar informações que se espalham pela Internet de forma viral. Links, vídeos ou outro tipo de conteúdo que as pessoas “precisam” compartilhar e são reproduzidos por blogs, enviados por e-mail, transmitidos por mensagens instantâneas e etc.

2.4 O sistema clarividente 

O fascínio de certos usuários por sistemas que utilizam folksonomias explica-se pela capacidade inata que eles têm de recomendar links que não foram buscados, mas que se encaixam perfeitamente nos interesses dos usuários.

Isso pode ocorrer ao se consultar a lista geral dos links catalogados com as mesmas tags usadas para as suas próprias informações, ao encontrar usuários com interesses semelhantes e examinar a lista de bookmarks deles – o que invariavelmente leva à descoberta de novos sites relevantes.

Este é o ponto forte da folksonomia. Potencializar o compartilhamento do conhecimento entre pessoas que falam a “mesma língua”, são da mesma área técnica especializada ou que, mesmo morando do outro lado do mundo, têm as mesmas preferências. Neste ponto a busca tradicional na web fica muito atrás.

2.5 Retro-alimentação imediata

Para Jon Udell (2004), a idéia de abandonar a taxonomia tradicional, baseada em hierarquia, em favor de uma lista de palavras-chave não é nova. A principal diferença agora é a retro-alimentação.

Claro, esta idéia tem rodado por aí há décadas, mas então o que Flickr e del.icio.us têm de tão especial? Às vezes uma diferença em grau se torna uma diferença de tipo. O grau no qual estes sistemas vinculam a atribuição de tags ao seu uso – em um laço apertado de retro-alimentação – é este tipo de diferença.

A retro-alimentação é imediata. Na hora que você atribui uma tag a um item, você vê o grupo de itens que carregam a mesma tag. Se não é o que você esperava, você é incentivado a mudar a tag ou incluir uma outra. (UDELL, 2004)

2.6 Análise à luz da TGS

Um hipotético usuário de um sistema que permite catalogar links com tags, por exemplo, pode usar este sistema somente para seu próprio proveito, e não para contribuir com a coletividade. Ele vai usar palavras que significam algo para ele e que aumentem ao máximo a entropia dentro deste sistema, que é um catálogo pessoal de links. A regra que ele segue é a de facilitar ao máximo a recuperação desta informação no futuro, ou seja, reduzir ao máximo o trabalho e a energia gastas para encontrar de novo o link.

A lei do menor esforço, ou da conservação de energia, é a que motiva ele a atribuir tags a uma coleção de elementos. A entropia tende a crescer dentro deste sistema pessoal, mas se o usuário continuar introduzindo novos elementos – mantendo o sistema aberto -, ele impede que o sistema chegue a um equilíbrio final.

Este comportamento é egoísta – no sentido de o usuário não agir ditado pelo uso que outros podem fazer da sua lista pessoal – e caracteriza uma das regras de um sistema emergente. Steven Johnson explica:

Que características comuns têm esses sistemas [emergentes]? Em termos simples, eles resolvem problemas com o auxílio de massas de elementos relativa-mente simplórios, em vez de contar com uma única “divisão executiva” inteligente. São sistemas bottom-up, não top-down. Pegam seus conhecimentos a partir de baixo. Em uma linguagem mais técnica, são complexos sistemas adaptativos que mostram comportamento emergente. Neles, os agentes que residem em uma escala começam a produzir comportamento que reside em uma escala acima deles: formigas criam colônias. Cidadãos criam comunidades; Um software simples de reconhecimento de padrões aprende como recomendar novos livros. O movimento de regras de nível baixo para a sofisticação do nível mais alto é o que chamamos de emergência. (JOHNSON, 2001)

Seguindo a linha de raciocínio de Johnson, pode-se dizer que pessoas que atribuem tags à sua lista de favoritos acabam catalogando toda a Internet. Além do classificador egoísta há também os que se preocupam em manter a coesão das tags dentro de um determinado domínio ou pensam nos termos que podem ser usados pelo máximo de pessoas. Também nestes casos emergem comunidades antes inexistentes de pessoas com interesses comuns, os mais específicos, e que nunca haviam se conhecido. A partir dos “micromotivos” das pessoas que catalogam seus itens, emerge uma estrutura maior do que a soma de suas partes.

2.7 Características dos sistemas

Um sistema que usa folksonomia é complexo. O que difere um sistema complexo de um meramente complicado, é que alguns padrões e comportamentos emergem dele como resultado de padrões e relações entre os elementos. A emergência é talvez a propriedade-chave dos sistemas complexos.

Uma edição especial da revista Science sobre sistemas complexos destacou algumas definições (traduzidas do inglês para melhor entendimento):

Um sistema complexo é aquele que, por desenho ou função, ou por ambos, é difícil de entender e verificar. (WENG et all, 1999)

Um sistema complexo é um sistema no qual existem múltiplas interações entre muitos componentes diferentes. (RIND, 1999)

Sistemas complexos são sistemas em processo de constante evolução e desdobramento ao passar do tempo. (ARTHUR, 1999).

Identifica-se facilmente estas características nos sistemas em questão. A rede de participantes, motivações e comportamentos é intrincada e difícil de mensurar e analisar. Ela evolui e muda constantemente, e depende muito de variáveis externas. Isso nos leva a mais uma característica, o nível de abertura dos sistemas. Evidentemente, as características acima demonstram que os sistemas são abertos, ou seja, podem sofrer influência de elementos externos.

Os sistemas que utilizam folksonomias também são – em sua essência – sociais. Uma folksonomia, para poder receber este nome, deve ser o compartilhamento de todas as listas de tags dos usuários do sistema. A ênfase também é dada à figura do indivíduo, e grande parte do poder deste modelo de sistema está na capacidade de um usuário navegar pela lista do outro.

O fato deste tipo de sistema se auto-organizar e responder a estímulos do mundo exterior podendo, inclusive, alterar o conteúdo já existente, determina que ele também pode ser chamado de adaptativo.

 

2.8 Folksonomias e o jornalismo
No jornalismo, as folksonomias podem ser usadas em dois contextos: dentro da redação ou pelos leitores. A redação de um jornal (on-line ou não) pode, por exemplo, empregar as folksonomias para uso próprio, ou seja, apenas para facilitar seu trabalho de recuperação de notícias já publicadas. Neste caso, e adotando o caráter “pessoal” que é a essência das tags, repórteres, redatores e editores não precisam, a princípio, se preocupar com um conjunto de termos já definidos. Assim, “economia”, “olimpíadas”, “importante” e “furo” são exemplos de tags que, enquanto são usadas apenas por um redator, possuem o mesmo peso. É ao compartilhar todas as notícias e marcações feitas pela redação que emergirá uma classificação coerente e adaptativa.

No caso do jornalismo on-line, uma forma ainda mais interessante de empregar as folksonomias é compartilhá-las também com o leitor, alterando de forma profunda a tradicional apresentação de notícias na forma de “cadernos” ou “editorias” estanques. Dessa forma, um “furo” de reportagem informando que determinada multinacional vai deixar de patrocinar um importante time de futebol estaria, ao mesmo tempo, em “economia”, “esportes” e, talvez, numa editoria emergente de “furos” jornalísticos.

Nos dois exemplos acima, porém, a marcação das notícias ainda é um privilégio da redação. Mas os leitores também podem se beneficiar do uso de tags, inicialmente para facilitar a recuperação futura de informações que julgaram interessantes. Com isso contribuem para a serendipidade do sistema, ou seja, facilitam a descoberta de novas notícias interessantes para outros usuários.

Entre os sites de notícias que empregam a folksonomia, pode-se citar o rojo.com, que entre inúmeros outros recursos, oferece a opção de atribuir tags às notícias. No entanto, o exemplo mais interessante é o Common Times (www.commontimes.org). Nele, segundo os criadores do site, acontece a “marcação social de notícias”. Os leitores classificam com tags as matérias de diversos sites e, com isso, acabam determinando a hierarquia e distribuição destas notícias na página principal do Common Times.

O jornalismo participativo, comunitário ou cidadão, também tem utilizado a folksonomia. Sites como o Digg e o NowPublic (www.nowpublic.com), que funcionam com conteúdo enviado pelos leitores/repórteres, se beneficiam da emergência de padrões de popularidade e organização deste recurso.
Jornalismo na Web 2.0

Entre as características do movimento chamado de Web 2.0 por Tim O’Reilly estão a abertura cada vez maior do conteúdo dos sites para utilização por terceiros e o uso de folksonomias. Esta abertura já pode ser vista em blogs que distribuem seus posts por RSS, em podcasts ou em sites maiores que colocam suas APIs à disposição (BBC, Technorati, Google, Yahoo, Flickr, Del.icio.us, etc.). Usando as tags atribuídas a uma notícia como o fio condutor, o jornal da Web 2.0 pode agregar na mesma página notícias de outros sites, blogs que falam do assunto, fotos sobre o tema ou links relevantes para a matéria.

3 Conclusão

Refinamentos técnicos nos sistemas poderiam melhorar o desenvolvimento das folksonomias consideravelmente. Lars Pind em seu blog enumera alguns:

Sugira tags para mim – um recurso que facilite a reutilização de tags já existentes, útil para reduzir a inconsistência dos termos e erros de digitação.

Encontre sinônimos automaticamente – depois de se incluir o item, os sistemas mostram tags relacionadas. Por que não mostrá-las na hora de escrever as tags?

Ajude-me a usar as tags que os outros usam – durante os processoas acima, mostrar as tags mais usadas com um tamanho maior ou cor mais forte.

Facilite o ajuste das tags em conteúdo antigo – conforme as pessoas se acostumam a dar tags aos itens, é preciso que seja simples mudar classificações antigas, feitas quando ela estava apenas começando.

Mazzocchi (2005) sugere a criação de um sistema que integre o melhor dos dois mundos: folksonomias + ontologias. Para ele, uma tag seria divulgada em uma URI, que também armazenaria informações adicionais sobre ela, como seus sinônimos, suas tags equivalentes nas listas de outros usuários e sua relação com outras tags (“Maçã” -> é um tipo de -> “fruta”).

Vivemos hoje num cenário predominantemente bottom-up. A filosofia do código aberto ganha cada vez mais força. A filosofia da colaboração coletiva para a construção do conhecimento (Wikipedia, por exemplo) ganha cada vez mais força. As soluções que emergem das ações individuais se mostram melhores a cada dia (del.icio.us e Flickr, para ficar nos mais populares). Novos insights acontecem simultaneamente ao redor do mundo e em minutos são colocados na web, em blogs, onde geram novas idéias em tempo recorde.

O interesse econômico percebe a trilha que está sendo seguida e começa a se adaptar. Empresas de software abrem cada vez mais seus códigos, pagam programadores para projetos de código aberto. Investem em iniciativas promissoras (em abril de 2005, o Flickr foi comprado pelo Yahoo!). A IBM, com sua gigantesca intranet, remodela seu sistema de taxonomia/ontologia para um sistema mais dinâmico e flexível, integrando folksonomias (ORDMAN, 2005).

Enquanto no resto do mundo estudos, insights e iniciativas voltadas ao tópico deste artigo sejam cada vez mais freqüentes, é triste constatar que pouco se fala sobre o assunto no Brasil. Sites e publicações especializadas passam ao largo de transformações que estão redefinindo o modo como vemos a Internet hoje. O blog Filosophia Digital de Carlos Castilho e Nando Pereira é uma surpreendente exceção, e trata de tudo isso que os outros ignoram.

A velocidade da evolução nesta área exige muita agilidade dos pesquisadores, mas mesmo assim há espaço de sobra para estudos que envolvam a folksonomia tanto na teoria quanto na prática, aplicada a qualquer domínio de conhecimento. O vácuo existente na pesquisa brasileira sobre o assunto é enorme, e é preciso correr atrás do prejuízo o quanto antes.

Além do Brasil estar defasado na área, outra coisa torna o estudo das folksonomias ainda mais urgente. O que acontece é um fenômeno similar à gravura “Mãos que desenham”, de Escher (Figura 1). Como um sistema que dá uma “volta estranha” e acaba se auto-referenciando (HOFSTADTER, 1979), a comunidade que mais avança no conhecimento sobre folksonomias usa como ferramenta para isso os próprios sistemas baseados em folksonomias.

Figura 1. Escher, M.C., “Mãos que desenham”

4 Referências

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O bibliotecário como empreendedor: um projeto para transformar o nosso futuro

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por BRIAN S. MATHEWS

Há um certo receio sobre o futuro de bibliotecas; o Google, o Amazon, Wikipedia, e MySpace se tornaram os principais destinos para interações informativas. Compreensivelmente, os bibliotecários estão preocupados. Que papel vamos assumir na paisagem dinâmica que está se deslocando para longe das nossas empreitadas tradicionais?

Sob minha ótica, temos uma grande oportunidade: as possibilidades são mais ilimitadas do que jamais foram. Encarada com firmeza, esta é a nossa chance de ser mais inovadores. Naturalmente, mudanças nunca são fáceis, mas sou otimista. Conversei bastante com recentes graduados em biblioteconomia, e eles têm muitas boas idéias. Eles têm entusiasmo, estão ansiosos para fazer modificações, e não menos predispostos sobre o que as bibliotecas devem ser. Nós devemos estimulá-los.

O Bibliotecário como Empreendedor

Vejo o bibliotecário do século XXI como um empreendedor: um indivíduo que cria novos projetos, abraça os desafios e se esforça em melhorar. Um indivíduo que vê o quadro geral e que pode pensar e trabalhar independentemente. Um indivíduo que pode identificar e dirigir necessidades, e que pode implementar, vender, e avaliar iniciativas. Nós entramos numa fase que requisita mão-de-obra oportuna. Aqui estão algumas coisas que busquei ao longo do caminho que pode ajudar-nos a começar:

Arrisque. Nada é sagrado; tudo é passível de modificação ou renegociação. Devemos apoiar a tomada de riscos responsável. Os bibliotecários muitas vezes perguntam como persuadi a minha administração para me permitir usar redes sociais online para expandir o alcance da biblioteca. A minha resposta típica é que eu não pedi. Eles não observam as minhas anotações de sala de aula ou as minhas consultas de referência, então, por que eles deveriam se envolver com a extensão daquelas interações? Isto depende da cultura na sua biblioteca, mas espero ver a nossa evolução para organizações mais flexíveis que respaldam a equipe de trabalho, ao invés de permanecer dominadas por política e hierarquia. Deveríamos ter a liberdade de atuar profissional e responsavelmente, e dirigir as necessidades dos usuários em uma maneira rápida e apropriada.

Inicie a transformação. Nem sempre podemos esperar que os outros façam as coisas; às vezes temos de fazer modificações nós mesmos. Se algo estiver errado, ausente, ou ineficiente, não vamos nos queixar, mas fazer algo sobre isso. Sou inspirado pelas iniciativas de dois dos meus colegas: Ross Singer, um desenvolvedor de aplicações web, descontente com muitos dos produtos comerciais que compramos, projetou um sistema de avaliação e está redesenvolvendo o conceito de “catálogo de biblioteca”. Bonnie Tijerina, bibliotecária de recursos eletrônicos, reconheceu uma falha em ofertas de conferências e organizou a Conferência de Recursos Eletrônicos e Bibliotecas para sanar a necessidade. Devemos tomar iniciativas de soluções em direção aos problemas, e não nos acomodar simplesmente ao que é oferecido ou para o que tem sido tradicionalmente aceito.

Quebre os silos. Um dos desafios maiores, especialmente em grandes bibliotecas, é aquele do efeito de silo. É fácil deixar a nossa identidade departamental nos definir; reunimo-nos em volta da nossa “equipe”, e esforçamo-nos por proteger os nossos interesses. Isto é um terrível desperdício da nossa força de trabalho. Enquanto é fácil falar sobre a idéia da colaboração, como podemos fazê-la acontecer? Um modo de começar a quebrar barreiras é através de aplicativos de software sociais: mensagens instantâneas, wikis, blogs e sites em rede. Deixe a equipe desenvolver relações que se misturam através de contextos pessoais e profissionais. A abertura dos canais da comunicação estimula a inovação que se estende através dos departamentos. Quando um problema ou objetivo são identificados, permita que o processo de resolução natural ocorra, baseado em respeito e interesse, e não por título e autoridade.

Leia além da profissão. Há demasiado eco na literatura biblioteconômica, e isto inclui blogs e listas. Nós nos mantemos ocupados reinventando rodas. Pessoalmente, aprendo muito mais lendo fora da literatura profissional, em particular nas áreas de marketing, serviços aos clientes, tecnologia de informações e arquitetura. Se o nosso objetivo for a inovação, então temos de assegurar que estamos olhando na direção direita.

Avalie constantemente. Temos de lembrar que as bibliotecas são para os usuários, e não para nós. Gostaria de ver uma verdadeira cultura de avaliação capaz de enxergar além das estatísticas de entradas na bibliotecas, estatísticas sobre circulação e questões de referência, e focada mais sobre funcionalidade e satisfação do usuário. Temos de examinar como as coleções, os serviços e o espaço físico são usados e como eles podem ser usados, ajustando-os conseqüentemente. Como nos movemos em direção à redefinição do conceito de bibliotecas, temos de assegurar que o usuário tenha voz. E temos de assegurar que eles não estão nos dizendo somente o que queremos ouvir, mas sim, estão contribuindo em direção à visão do que podemos nos tornar. Fazemos isto observando, escutando, e interagindo com os nossos usuários, e concentrando em melhorias constantes. Preferiria aspirar uma cultura de progresso constante, e não uma de excelência proclamada.

Se envolva. É fácil ser cínico; é muito mais difícil ser apaixonado em prol de mudanças. As bibliotecas, em particular as acadêmicas, muitas vezes têm uma rede complexa de comitês, força tarefa e grupos de trabalho que podem impedir a inovação. Apesar de ser tentador e possivelmente mais rápido desenvolver projetos fora do sistema, é mais saudável trabalhar dentro da própria organização. Apresente-se! Desenvolva a sua reputação como alguém que empreende tarefas e projetos. Essas contribuições abrirão portas que podem cortar a burocracia. Demonstre o espírito empreendedor abraçando uma atitude de soluções em direção a problemas e construindo uma rede de experiências com colegas. Encontre modos de incorporar o pessoal, inclusive aqueles sem formação em biblioteconomia, de múltiplos departamentos; em conjunto você pode ganhar influência genuína e eficaz.

O futuro de bibliotecas é seu. O que você vai fazer com ele?

Brian S. Mathews é bibliotecário de serviços públicos na Universidade Georgia Tech. Seu blog é o The Ubiquitous Librarian.

Tradução: Fabiano Caruso e Moreno Barros.

Original disponível em: http://www.lisjobs.com/newsletter/archives/nov06bmathews.htm

Tradução sob permissão do autor.

O que é necessário para educar os futuros bibliotecários digitais: um estudo da prática atual e dos staff patterns em bibliotecas universitárias e de pesquisa .

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por YOUNGOK CHOI e EDIE RASMUSSEN

Traduzido por Gustavo Henn e Geysa Flávia Câmara

1. Introdução

Bibliotecas digitais são um conceito emergente, já que as bibliotecas de hoje routineiramente provém informação e serviços de forma digital. Como a natureza e o papel das bibliotecas tem mudado no que diz respeito ao novo ambiente digital, novas aplicações e serviços tem sido desenvolvidos. Muitos profissionais liberais tem reportado essas mudanças no campo de trabalho digital. (Association of Research Libraries, 2000; Croneis and Henderson, 2002; Stoffle, et al., 2003).

Bibliotecas digitais tem características únicas que a diferem das bibliotecas tradicionais e suas abordagens de provisão de informação. A visão evolucionária de bibliotecas digitais tem sido (endereçada ou encaminhada) por profissionais liberais das áreas de biblioteconomia e informação(Borgman, 1999; Digital Library Federation, 1998). Do ponto de vista de um bibliotecário tradicional, as bibliotecas digitais apresentam um modelo tranformativo em larga escala, organização usuário-cêntrica* que está caminhando para uma forma integrada com vários componentes(ver Figura 1). Todavia, o propósito principal das bibliotecas digitais permanece consistente com aqueles propósitos das bibliotecas tradicionais, que são organizar, distribuir e preservar fontes de informação.

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Figura 1: Definição de uma Biblioteca Digital baseada em uma Prática de Comunidade.

Incrementar prioridades para alinhar as aplicações de bibliotecas digitais(BD) com coleções e serviços de bibliotecas tradicionais requer uma equipe com novas competências que agreguem outra dimensão à prática da biblioteca. Muitos pesquisadores(como Chowdhury and Chowdhury, 2003; Tanner, 2001) tem descrito funções de bibliotecários digitais, e sugerido competências essenciais e habilidades necessárias para atuar nessas funções. Agora, em adição ao seus conhecimentos e habilidades de bibliotecas tradicionais, exige-se de muitos dos profissionais bibliotecários de hoje que possuam conhecimento e habilidade adicional requerida para trabalhar com o mundo da informação digital. Os bibliotecários são portanto confrontados com o desafio de adquirir conhecimento avançado e habilidade para aumentar o que eles tradicionalmente aprenderem, e para fazer isso enquanto ao mesmo tempo há uma escassez de um grupo experiente na biblioteca.(Tennant, 2002). Como uma consequência, educar bibliotecários digitais que sejam competentes para trabalhar no dinâmico e complexo ambiente digital tem se tornado uma alta prioridade.

Um importante passo em lidar com essas necessidades é desenhar programas educacionais apropriados para preparar os futuros bibliotecários digitais para o lugar de trabalho. Para desenhar esses programas, nós precisamos entender a equipe de parceiros na prática da biblioteca digital, as atividades e tarefas nas quais os atuais praticantes no desenvolvimento das BD estão envolvidos, e as habilidades práticas que ajudam efetivamente a função desses praticantes. O estudo descrito neste artigo contribui para o desenvolvimento da educação para os bibliotecários digitais no tocante àquele primeiro importante passo.

Os objetivos do estudo foram:
• Entender as parcerias nas áreas da biblioteca digital,
• Identificar atividades críticas dos bibliotecários digitais,
• Determinar habilidades e conhecimentos requeridos para bibliotecários digitais, e
• Buscar feedback na preparação de estudantes para a biblioteconomia digital.

2. Método

Para identificar a variedade de atividades nas quais bibliotecários digitais estão engajados, nós empregados um método investigativo. A investigação foi distribuída para 123 diretores de bibliotecas que são membros da Associação de Bibliotecas de Pesquisa(Association of Research Libraries – ARL). Nós requisitamos aos diretores que repassassem nosso questionários investigativo para os atuais praticantes em suas bibliotecas que estavam envolvidos em projetos de digitalização ou projetos de biblioteca digital durante o período de setembro a dezembro de 2005.

O questionário definiu um “bibliotecário digital”como alguém que é responsável por e está envolvido em projetos baseados em tecnologia para fornecer fontes de informação digital em áreas de serviço não-pública(Croneis and Henderson, 2002).

A informação coletada no questionário incluiu informação demográfica(como idade, gênero, e formação educacional), título e responsabilidades do emprego atuai, histórico do trabalho, preparação acadêmica para a posição, percepção da importância dos conhecimentos e habilidade na atuação do seu trabalho, e sugestões sobre programas de educação e treinamento.

O total de respostas coletadas foi 48, de 39 bibliotecas.

3. Resultados

3.1 Demografia

41 das respostas(85%) identificavam-se como profissionais bibliotec[arios, cinco respondentes(10%) eram paraprofissionais, e dois(4%) não eram nem bibliotecários nem paraprofissionais, com títulos de “diretor associado” e “diretor para programas de biblioteca digital”. Dos 48 respondentes, 37(77%) tem um título de mestrado ou doutorado em Biblioteconomia e Ciência da Informação, e 7(15%) tem uma formação acadêmica em ciência da computação, engenharia, ou gestão tecnológica da informação. Houve pouca mais mulheres(27, 56%) que homens(21, 44%) entre os respondentes(veja tabela 1). Um terço dos respondentes tinha seus trinta anos.

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Entre os 41 respondentes que são profissionais bibliotecários, 18(43,9%) tem um relativo curto período de experiência como profissional(tabela 2). Experiência de trabalho prévia em bibliotecas variaram de bibliotecário de referência para um bibliotecário de mídia para um bibliotecário de serviços de dados até um bibliotecário digital. As áreas de experiência prévia mais frequentemente mencionadas foram serviços de referência(16), coleções especiais/arquivos(13), sistemas(11), e catalogação(9). Alguns respondentes adquiriram experiência fora das bibliotecas, como analistas de sistemas, desenvolvedores de softwares, e desenvolvedor de sites web.

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3.2 A Posição do Bibliotecário Digital

Título da Posição

Dois outros estudos sobre lugar de trabalho revelaram a alta demanda por novos profissionais para liderar os esforços da biblioteca digital nas bibliotecas tradicionais(Association of Research libraries, 2000; Croneis and Henderson, 2002). Os resultados da nossa pesquisa sugerem que esta tendência continua. A posição de mais da metade dos respondentes(29, 60,4%) tem o termo “digital” em seu título ou aquele do seu departamento. Exemplos são “Bibliotecário de Iniciativas Digitais(Coordenador ou Gestor), “Gestor de Projetos Digitais”, “Diretor de Desenvolvimento de Biblioteca Digital”, ou “Chefe do Departamento de projeto Digital”. Entre esses respondentes, 18 (64,3%) conseguiram sua atual posição há menos de 3 anos, enquanto um terço tem estado na posição por mais de 3 anos(tabela 3). O crescente número de profissionais dedicados a bibliotecas digitais reflete um local de trabalho que necessita de bibliotecários digitais para prover liderança e coordenação em uma bem sucedida transformação de serviços de biblioteca em bibliotecas digitais.

Títulos como “Diretor de Programas Digital e de Preservação”, “Chefe de Iniciativas Digitais e Coleções Especiais” e “Bibliotecário de Digitalização” também refletem os esforços atuais em bibliotecas digitais que estão relacionados à iniciativas por preservação e acesso a fontes primárias(Dalbello, 2004; Lynch, 2003). Outros títulos incluem “Bibliotecários de Metadados”, “Bibliotecário de Dados”, “Bibliotecário Reformatting Preservação”, “Especialista em Imagens Digitais” e “Bibliotecário de Desenvolvimento de Tecnologias Digitais”.

Cerca de 40% dos respondentes envolveram-se em trabalhos em biblioteca digital vindos de outras áreas funcionais, como serviços técnicos de catalogação e periódicos, gestão de coleções, coleções especiais e áreas de preservação, entre outras. Está claro que o design, desenvolvimento e gestão da biblioteca digital requer esforço colaborativo da equipe em diferentes áreas funcionais com os bibliotecários.
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Principais Atividades/Tarefas

Foi solicitado aos participantes que fizessem exposições sobre as responsabilidades do seu trabalho. Das respostas dos 46 participantes que forneceram essa informação, 274 responsabilidades específicas foram coletadas, e elas foram analisadas individualmente e agrupadas em seis amplas categorias: “Gestão”, “Tecnologia”, “Processamento”, “Biblioteca Digital”, “Coleção e Fontes”, e “Outra”.

Responsabilidades na categoria “Gestão” foram as mais frequentemente mencionadas, com quase metade(45,99%) das responsabilidades identificadas caindo nesta área. O resultado dessa investigação está de acordo com os estudos prévios que dizem que os anúncios de emprego digital enfatizam responsabilidades administrativas(Croneis and Henderson, 2002). Responsabilidade com políticas e procedimentos, colaboração, supervisão, concessões e planejamento foram mencionadas por mais de 20 por cento dos participantes. Apenas 15 por cento das responsabilidades identificadas foi agrupado na catagoria de “Tecnologia”.

As responsabilidades em cada categoria estão como se segue:

• Gestão (45.99%) 
• Liderança, políticas e procedimentos, colaboração, planejamento, supervisão, gestão de recursos, gestão de projeto, concessões, representação.


• Biblioteca Digital (17.14%) 

• Projetos/Iniciativas Digitais, Padrões/Práticas Técnicas, design, desenvolvimento e implantação, preservação digital, organização, repositório digital, aspectos de conteúdo digital.

• Tecnologia (15.71%) 
• Websites, digitalização/conversão, suporte técnico, manutenção/administração de sistemas, conversão de dados, análise/teste de sistemas, desenvolvimento de softwares de código aberto, testes de usabilidade, interoperabilidade, tecnologia de biblioteca digital.

• Processamento (8.57%) 
• Metadados, mecanismos de recuperação e acesso(registros bibliográficos, auxílio a buscas, EAD, registros MARC), controle de qualidade, bases de dados.

• Coleção e Fontes (7.14%) 
• Desenvolvimento de coleções, gestão de coleções, gestão da preservação/registro, recursos online.

• Outros (6.43%) 
• Treinamento de instrução/equipe, serviços de referência/públicos, liaison, atividades profissionais, estudos de usuários.

As responsabilidades mais frequentemente mencionadas pelos 46 respondentes foram tarefas relativas a Websites(35% dos participantes), políticas e procedimentos(28%), colaboração(28%), supervisão(26%), responsabilidade global por projetos/iniciativas digitais(26%), monitoramento de padrões técnicos e práticas(21,7%), e escrever e administrar concessões(21,7%).

Habilidades e Conhecimentos Necessários

Foi solicitado aos participantes que ranqueassem a importância das qualidades e dos conhecimentos na atuação de seus trabalhos em três áreas(técnica, relacionadas à biblioteca tradicional, e outras habilidades), com 23 sub-áreas em uma escala de Likert de 5 pontos. As cinco opções mais rankeadas entre todas as sub-área foram habilidades interpessoais e de comunicação(com 4.60), habilidades de gestão/liderança de projeto(4.56), entendimento de arquitetura e software de biblioteca digital(4.52), conhecimento das demandas dos usuários(4.42), e conhecimento de técnicas e padrões de qualidade(4.33).

Os pontos mais escolhidos por cada área estão mostrados na Tabela 4.

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Esses resultados confirmam a importância contínua das habilidades de comunicação, gestão de projetos, e de liderança de equipes idenficadas em estudo Delphi de bibliotecários universitários (Feret and Marcineck, 1999).Poderia ser notado que a definição de “bibliotecário digital”dada nesta investigação foi limitada a áreas de serviço não-públicas. Portanto, os pontos dados para algumas sub-áreas de conhecimento e habilidades, como serviço de referêncio e habilidade de ensino e apresentação podem ter sido ranqueadas diferentemente por profissionais que trabalham em áreas de serviço público.

Cursos Educacionais dando suporte ao Trabalho Atual

Foi solicitado aos participantes que indicassem os cursos mais relevantes/valiosos que eles fizeram em um escola de Biblioteconomia e Ciência da Informação para atuar em seus atuais trabalhos. 21 participantes responderam a esta questão. Vários cursos foram mencionados, variando de catalogação até estágio. Os cursos mais mencionados foram nas áreas de catalogação, desenvolvimento e gestão de coleções(fontes eletrônicas), análise de sistemas, e tecnologia da informação. “Bibliotecas Digitais” foram mencionadas como nome de curso apenas uma vez.

3.3 Treinando aberturas e pensamentos na Educação de Bibliotecas Digitais

A pesquisa também pediu que os participantes descrevessem os aspectos de sua posição aos quais eles se sentiam menos preparados. Trinta e quatro participantes identificaram áreas para as quais sua educação e treinamento não os preparou adequadamente. As tarefas mais frequentemente mencionadas foram as relativas a aspectos técnicos. São elas:

• Entendimento geral do complexo sistema de software,
• Falta de vocabulário para se comunicar com o pessoal da área técnica,
• Conhecimento de linguagens e tecnologias relativas à Web,
• Web design,
• Formatação e imagem digital,
• Tecnologia digital,
• Linguagens de programação e scripts,
• Tecnologias e padrões XML, e
• Administração básica de sistemas.

Outras tarefas menos mencionadas incluem: entendimento geral de digitalização e aspectos da biblioteca digital, habilidades de gestão de projetos, gestão, administração, habilidades de supervisão, desenvolvimento de coleções, metadados, estruturas organizacionais, cultura de biblioteca, políticas de mudança, trabalho atual diário, e leis contratuais, negociações e licenciamento.

Muitos respondentes apontaram a importância da tendência de análise baseado na nova e dinâmica natureza das bibliotecas digitais. Eles fizeram os seguintes comentários:

“Eu simplesmente tive que fazer esforço par entender o trabalho através de leitura, workshops e aprendizagem no emprego”

“Muito tem mudado”

“Políticas de mudança para serem aplciadas na preservação digital”

“… de gestão a ‘você-nomeia-isso’”

Outros comentaram sobre o valor da experiência prática no local de trabalho e apontaram a falta de técnica atual e treinamento prático em seus cursos acadêmicos, que proveram mais discussão baseada em teoria que em prática.

Nós pedimos aos respondentes que dessem suas sugestões para educadores/escolas em cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação que pudessem ser agregados ao currículo de biblioteca digital. Respostas óbvias foram a necessidade de cursos que provessem ferramentas e técnicas para gestão de projetos, liderança de equipes, solicitação e administração de concessões, e cursos especificamente em bibliotecas digitais como: design de biblioteca digital, preservação digital, digitalização, e tecnologias digitais atuais como: OAI-PMH, padrões de metadados, XML, EAD (Encoded Archival Description), e TEI. Cursos em testes de usabilidade, interação humano-computador, web desing e aplicações, recuperação da informação, e catalogação também foram mencionados. Os tópicos sugeridos para os cursos enfatizaram um equilíbrio entre habilidades práticas e teóricas. Estas variaram de cursos relevantes para o trabalho no mundo real de bibliotecas digitais – com respeito a tecnologia e padroes, habilidades de negócios, questões de copyright, programação, estudos de usuário/ comunicação acadêmica – para cursos sobre a teoria de bibliotecas digitais, para ajudar no entendimento do grande quadro das várias aplicações da biblioteca digital.

4. Resumo e Conclusões

A seguir, um resumo dos resultados da nossa pesquisa:

• Enquanto há posições e unidades emergentes em relação a bibliotecas digitais, o ambiente de trabalho das bibliotecas digitais é colaborativo em áreas que variam de sistemas de computação até funções tradicionais de bibliotecas.

• Profissionais que trabalham nessas áreas tendem a ser jovens e são relativamente recém graduados. Já que muitas bibliotecas eventualmente serão transformadas em bibliotecas digitais, e vão requerer profissionais educados nesta área, os empregos nas bibliotecas digitais serão mais atrativos para a próxima geração de bibliotecários.

• As principais tarefas nas quais os bibliotecários digitais estão envolvidos incluem gestão, liderança, e tarefas relacionadas a website. Tarefas de gestão enfatizam planejamento e supervisão de projetos de bibliotecas digitais, enquanto provimento de liderança e experiência áreas de bibliotecas digitais contendo elementos de colaboração com outros membros da equipe da biblioteca e com usuários. Análise de tendências, como o monitoramento da prática e padrões das atuais bibliotecas digitais, é crítica nesses empregos.

• Os resultados da pesquisa confirmam o alto valor de habilidades sofisticadas necessitadas ma biblioteconomia digital. Devido à ênfase em projetos colaborativos e de equipes, os atuais bibliotecários digitais consideraram habilidades de comunicação e habilidades de gestão de projetos muito importantes na atuação de suas funções. Como a natureza das bibliotecas digitais está mudando constantemente, bibliotecários digitais devem estar hábeis para se adaptar a mudança e continuar a aprender.

• A necessidade de educação em BD apresenta dois aspectos principais: um é a necessidade de enfatizar habilidades e competências, como habilidades de comunicação e análises de tendências; o outro se encaminha para a necessidade futura de desenvolver habilidades técnicas e de informação para entendimento prático e operacional de bibliotecas digitais.

Claramente, as bibliotecas digitais são o futuro das instituições universitárias e de pesquisas, e os profissionais digitais serão requeridos a ter mais amplitude e profundidade de conhecimento e habilidades entre as dimensões do conhecimento tradicional de biblioteca, tecnologia e relações humanas. Por causa da complexidade das bibliotecas digitais e dos projetos de biblioteca digital, os programas de educação profissional para bibliotecários digitais deveriam prover não somente habilidades técnicas e treinamento tradicional de biblioteca, mas também deveria dar lugar a uma maior ênfase em gestão, incluindo habilidades de gestão de projetos através da experiência prática de um projeto digital. Em adição às habilidades técnicas, profissionais bibliotecários precisam desenvolver fortes habilidades de interpessoalidade e de trabalho em equipe. Baseado nesta pesquisa, isso mostra que a educação em Biblioteconomia e Ciência da Informação precisa prestar atenção à educação extra em interpessoalidade e comunicação e integração de habilidade práticas e experiência com gestão de coleções digitais e tecnologias digitais no currículo.

Nossa pesquisa foi limitada a bibliotecários digitais em áreas de serviço não-pública em bibliotecas universitárias e de pesquisa. A condução de uma pesquisa similar em outros tipos de instituições e funções, como organizações de herança cultural e profissionais em áreas de serviço público, seria importante para confirmar nossos achados. Isso poderia também ser desejável para conduzir um estudo similar em partes individuais de uma estrutura de biblioteca digital para entender as similaridades entre elas com respeito às habilidades e conhecimentos requeridos. Pela condução de tal estudo, nós poderiamos posteriormente indentificar competências essenciais necessárias para bibliotecários digitais, e aprender com a prática da biblioteca digital existente para melhorar a educação dos futuros profissionais da informação.

5. Reconhecimento

Este estudo foi patrocinado por uma concessão de pesquisa da Associação de Educação em Biblioteconomia e Ciência da Informação. Os autores expressam sincero apreço a estes bibliotecários digitais que gastaram seu tempo para participar na pesquisa.

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Stoffle, et al. (2003). Continuing to build the future: Academic libraries and their challenges. Portal: Libraries and the Academy, 3(3). 363-380.

Tanner, S. (2001). Librarians in the digital age: Planning digitization projects. Program, 35 (4): 327-337.

Tennant, R. (2002). Digital libraries: The digital librarian shortage. Library Journal, March 15, 2002.
Original: http://www.dlib.org/dlib/september06/choi/09choi.html

Traduzido e publicado com autorização dos autores.
Translated and published with permission of the authors.

 

 

 

Como ser um líder em seu campo: um guia para estudantes em escolas profissionalizantes

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Philip E. Agre
Departamento de Estudos de Informação
Universidade da California, Los Angeles

http://polaris.gseis.ucla.edu/pagre/

Versão de 7 de Outubro de 2005
Trduzido com permisão do autor

Uma profissão é mais que um emprego – é uma comunidade e uma cultura. As profissões servem à sociedade juntando conhecimento entre os seus membros e criando estímulos para sintetizar o novo conhecimento. Elas também ajudam os seus membros a construírem redes, encontrarem empregos, colaboradores, recrutarem pessoal, e se organizarem em volta das questões que os afetam. Em um mundo sem transformação ou inovação, as profissões não seriam tão necessárias. Mas em um mundo onde a transformação e a inovação estão cada vez mais intensas, cada ocupação precisa mais das instituições e a cultura de profissões tradicionais como direito, medicina, engenharia, educação, biblioteconomia, administração pública, administração, e arquitetura.

Toda profissão tem líderes. Em um sentido formal, os eleitos de uma sociedade profissional são os líderes daquela profissão. Pois uma profissão é fundamentalmente sobre o conhecimento, contudo, os verdadeiros líderes de uma profissão são os líderes de pensamento: os indivíduos que sintetizam o pensamento dos membros da profissão e articulam direções para o futuro. Às vezes, uma profissão elegerá os seus líderes de pensamento a posições oficiais. Mas muitas vezes os líderes de pensamento preferem conduzir de forma escrita e verbal projetos de vanguarda, organização de conferências, e conversações. A liderança significa tanto fala como a escuta, tanto visão como consenso. Um líder constrói uma rede de relações dentro da profissão e articula os temas que estão emergindo para o pensamento em conjunto sobre a profissão.

Em um mundo de conhecimento intenso e de incessante inovação e modificação, afirmo, cada profissional deve ser líder. Isto não é uma idéia universalmente popular. Algumas pessoas dizem, “a liderança é boa para os outros, eu somente quero um emprego”. Quero argumentar que isso não funciona dessa forma. As habilidades que o líder exercita na construção de uma massa crítica de opinião relacionada a questões emergentes são as mesmas habilidades que todo profissional precisa para se manter empregado indefinidamente. Antigamente a aversão à liderança podia se ocultar em trabalhos burocráticos. Mas como as instituições estão sendo viradas pelo avesso pela tecnologia, globalização, público crescente e expectativas de clientes de todo tipo, os refúgios estão desaparecendo. O emprego de cada profissional é agora está na linha de frente, e as habilidades de liderança devem tornar-se centrais ao para o entendimento de cada um como profissional.

Mas como? É bem conhecido que uma pessoa simplesmente declarando-se lider, não fará que ninguém o siga. O processo de tornar-se um líder não acontece durante a noite, mas é perfeitamente metódico. Aqui está uma receita de seis passos. As coisas não são rigidas desta forma na prática, mas você não terá problemas para adptar a receita assim que a dominar.

[1] Pegue uma questão. Você precisa de uma questão na qual a profissão não esteja realmente pensando, mas que deverá ser o centro das atenções em cinco anos. A questão pode ser técnica, estratégica, administrativa, relacionada com política, ou todos aspectos acima mencionados. Ela pode ser um problema ou uma oportunidade ou ambos. Ela pode ser um novo método ou uma nova área de atuação.

Ser regularmente específica e focada diretamente no trabalho cotidiano das pessoas em algum segmento da profissão. A palavra “tecnologia”, por exemplo, é demasiadamente grande para ser uma questão trabalhável. Você pode encontrar uma questão de vários modos:

(a) Fale com profissionais dinâmicos e converse com seus parceiros sobre o que eles estão dizendo.

(b) Fale com as pessoas no seu curso. Um propósito de um curso com orientação profissional é ser o sistema de alerta antecipado da profissão – o centro de vigilância onde as questões emergentes são articuladas, investigadas, e ensinadas. Muitas questões que você dá por certo como tópicos de leitura e de artigos nas suas classes de fato representam o horizonte mais distante daquele que a maior parte dos seus colegas de profissão estão preocupados. Com quem falar? Com as pessoas que estão motivadas. Elas estão motivadas porque identificaram uma oportunidade de atuação de alta qualidade, para fazer o que é preciso da melhor forma possível.

(c) Fale com pessoas de outras profissões para encontrar questões que possam vir a ser importantes para a sua profissão. Isto pode significar simplesmente perguntá-los que questões são importantes em suas áreas agora, ou pode significar explicar-lhes a situação na sua profissão detalhadamente e pedi-los para instruí-lo. Por exemplo, as primeiras pessoas que aplicaram idéias da estatística às Ciências da Computação tornaram-se líderes, assim como as pessoas que primeiro aplicaram a análise econômica à lei. Alternativamente, identifique recursos intelectuais distintivos que você já traz com você, ou que você está altamente motivado para aprender, e que as pessoas realmente não estão aplicando na sua profissão ainda. Esquadrinhe o seu campo para identificar questões que você pode transformar pensando nelas deste modo.

(d) Escolha um tópico dentro da sua profissão em que você realmente espera trabalhar um dia, e leia livros e artigos sobre esse tópico de várias outras áreas, profissionais e amadores, mesmo se eles usarem uma linguagem diferente. Sinta-se estranho em relação aos sistemas e procedimentos diferentes e de como cada área o utiliza. Solte-se das camadas ortodoxas de pressuposições e suposições que a sua profissão acumulou em relação a este tópico. Então estabeleça uma agenda para reinventar esse tópico usando uma linguagem que as pessoas da sua profissão poderão entender.

(e) Redescreva uma das funções existentes na sua profissão de um modo resumido, e logo identifique várias outras atividades às quais a mesma abstração pode ser aplicada – inclusive atividades que são atualmente executadas por outras profissões. Por exemplo, os catalogadores de biblioteca são realmente especialistas “em serviços de metadados”, e muitas outras profissões (p.ex. editoração) estão fazendo um trabalho ruim nesta área porque eles necessitam de uma compreensão profissional séria sobre metadados.

(f) Fale com as pessoas que utilizam os produtos e serviços da sua profissão. E converse especialmente com aqueles que são líderes no seu próprio campo, para que a sua situação o ajude a predizer o futuro daquele campo em geral. Como as suas necessidades estão se modificando? Que novas necessidades eles terão em cinco anos? Quais são os seus valores e objetivos de longo prazo? O que gostaria da sua profissão para ser dramaticamente mais útil para eles? A sua profissão realmente está engajada para manter e estender a sua relevância? Agora fale com eles novamente. Desta vez, aponte-lhes alguns novos caminhos surpreendentes pelas quais a sua profissão poderia ser capaz de ajudá-los no futuro, e convidá-los a pensar com você em como os seus próprios campos poderiam ser melhorados com isso.

(g) Aprenda os argumentos que os atuais líderes da sua área empregam no momento do orçamento. Então invente alguns novos argumentos que as pessoas com dinheiro entenderão. Use esses argumentos para iniciar conversas com colegas informados sobre quais argumentos as pessoas relevantes podem entender de fato. Tente idenficar os elementos do pensamento deles que você não conhecia anteriormente. Então converta o que é válido nessse pensamento em questões para sua área. Uma vez que você deixa de pensar nas pessoas que lidam com finanças como autoridades opacas, você notará mais prontamente oportunidades de ampliar a sua profissão.

(h) Reúna um grupo de dez outros estudantes dispostos à mudanças na sua área e passe duas horas de brainstorm (tempestade de idéias) com pelo menos cem novas formas com as quais a sua profissão pode prover as pessoas de produtos e serviços úteis. Visualize a tecnologia após dez anos a partir de agora. Todas as suas idéias devem ter partido claramente da prática passada. Fazer isso em um grupo é útil porque as idéias surpreendentes de todas as pessoas podem ajudar todos os outros a pensar em alternativas originais. Então reduza gradualmente a sua lista aos poucos com as idéias que são tanto radicais como plausíveis.

(i) Trace a sua própria experiência, valores, e intelecto para articular uma questão sobre a qual ninguém mais está falando. Talvez você esteja simplmesmente anticipando assuntos que todo os outros irão descobrir de forma independente em alguns anos, ou talvez você esteja construindo algo novo que não teria acontecido sem você. Em qualquer caso, se a questão for se tornar importante para a sua profissão em cinco anos, você estará fazendo um serviço público por ter saído na frente.

(j) Cultive as suas habilidades de se interessar por coisas novas. Toda vez que você se interessar em algum tópico novo, faça três coisas: procure no Google sobre, procure-o nas bases de artigos da sua profissão ou no site de uma biblioteca e leia alguns artigos sobre, e logo tenha uma conversa com alguém que sabe sobre ele. Um bom modo de convocar tal conversa é, “eu gostaria pedir um conselho seu”. Faça isto durante um ano. Observe que você se interessa agora por várias coisas importantes que ninguém mais está pensando. Assuma que os outros da sua geração considerarão os tópicos interessantes uma vez que vocês os explica para eles.

(k) Olhando a sua profissão como ela está hoje, e possivelmente falando com alguns dos seus mais novos e mais iconoclastas membros, identifique um aspecto da prática atual que é arcaico. Pergunte que reforma seria ideal.

(l) Escreva todas as dificuldades que parecem ocorrer na sua experiência prática da sua profissão – algo, mesmo pequeno, que muitas vezes parece dar errado. Ou mesmo se torne um antropólogo durante um dia, e junte-se com algumas pessoas – estudantes, imigrantes, novos clientes, etc. – que estão lidando com a sua profissão pela primeira vez. Experimente a consternação das dificuldades em que eles experimentam. Reúna uma dúzia de dificuldades. Então comece a fazer teorias sobre o que causa estas dificuldades. As teorias grandes, pretensiosas são as melhores, especialmente se eles exageram sobre quão importantes as dificuldades que você enumerou realmente são. Elabore as suas teorias no seu caderno durante mais alguns meses até que elas sejam realmente grandiosas. Então use as teorias para começar a gerar idéias de inovação e transformação na sua profissão. Muitas das suas idéias terão vantagens além da fixação da dificuldade que as inspirou. Consulte-se com pessoas dinâmicas para determinar qual dessas idéias (não as teorias, obviamente, mas as idéias) poderiam ser plausíveis como questões para o futuro.

(m) Pergunte-se, “qual é a grande tendência na minha profissão agora ou na minha área específica?” As tendência normalmente editam a realidade, omitindo questões importantes que virão rugindo mais cedo ou mais tarde. Não seja reacionário tentando colocar para trás a tendência atual em troca de algo que veio antes. Em vez disso, identifique aqueles elementos da tendência atual que são valiosos, e articule uma agenda que remixe aqueles elementos com os elementos que estão sendo omitidos.

(n) Aprenda sobre uma nova família de tecnologias que implicam em grandes conseqüências na prática do seu campo, quando ficarem largamente disponíveis. Como uma “família” penso numa larga categoria de tecnologias como nanotecnologia ou redes de computação em volta das quais as novas instituições de pesquisa e aplicação estão se formando, e não uma invenção única que pode ou não pode construir uma massa crítica de aceitação. Em geral, construa para si um sistema de inteligência para aprender qual nova pesquisa está no topo da onda, para que você possa formular as questões que ficarão importantes uma vez que os novos métodos estejam acessíveis. Se você não se interessa por tecnologias, então tente as políticas governamentais em vez disso. As políticas governamentais tem um impacto imenso e geralmente não-óbvio na sociedade, criando assim oportunidades para as pessoas que são conscientes delas. Mantenha-se informado sobre os questões políticas que implicam em transformações dentro de seu campo de competência, inclusive questões aparentemente pequenas e obscuras cujo significado ninguém mais reconhece.

(o) Lance um olhar para a história da sua profissão, identifique uma força que esteve operando continuamente de forma a transformar o processo de trabalho da profissão, e imagine o que acontecerá à medida que esta força torne-se mais forte no futuro. Uma tendência que os médicos seniores observaram no decorrer das suas carreiras, por exemplo, normalmente reflete uma força que se pode esperar que se intensifique. Se a força for positiva, explique as suas conseqüências nos mínimos detalhes e monte uma agenda prática sobre suas implicações. Se é negativa, faça uma chamada às armas e defina uma alternativa viável. Se for complicado, comece a direrenciar o lado bom do ruim.

(p) Observe o caminho que os que trabalham na sua profissão estão desenvolvendo, e veja se uma nova “classe” está emergindo. Isto poderia acontecer, por exemplo, se uma nova divisão do trabalho estiver criando um grupo de funcionários que têm interesses comuns que se diferenciam dos interesses de pessoas que estão fazendo outras partes do trabalho. Se o novo grupo ainda não tiver desenvolvido uma identidade coletiva e instituições coletivas, então você pode ajudar articulando as questões que os afetam.

(q) Observe os tipos diferentes de pessoas que estão introduzindo contrastes na profissão há vinte anos. Que interesses, valores, e assuntos os distinguem de gerações mais antigas? Se você descobrir que os membros seniores e juniores da profissão consideram questões bastante diferentes como importantes, e se as questões dos profissionais juniores não tiverem sido propriamente estudadas, ajude a articular a agenda da geração emergente.

(r) Identificar uma questão que de forma independentemente surgiu em organizações diferentes ou países diferentes, mas onde os profissionais relevantes ainda não se organizaram em uma rede, muito menos um grupo de interesse. Mais geralmente, descubra dois ou mais grupos que deveriam saber um do outro mas não sabem, e identifique uma questão em volta da qual os grupos deveriam estar comparando informações.

(s) Identifique uma tendência intelectual ou política que você geralmente concorda na sociedade, e pergunte-se quais implicações aconteceriam na prática da sua profissão.

(t) Identifique algo que as pessoas da sua área atualmente fazem de um modo acidental, possivelmente porque é novo. Ponha um nome impressionante nele, para que as pessoas interpretem cada exemplo dele como a determinada espécie de algum gênero. Entreviste as pessoas que o estão fazendo, e faça uma lista de questões que ponha em conjunto tudo que eles estão pensando enquanto eles o fazem. O resultado será uma teoria que os ajudará a fazê-lo de um modo racional. Se a sua teoria pode ser resumida como uma nova idéia, melhor ainda.

(u) Trabalhe para um inovador dinâmico – isto é, não alguém que foi famoso por ter inovado há vinte anos atrás, mas alguém que está dinamicamente inovando neste momento. Aprenda como é feito. Então siga com seus próprios passos. As questões convenientes são realmente bastante abundantes, e novas aparecerão mais facilmente uma vez que você começa a perceber as coisas da forma que um inovador dinâmico.

(v) Reuna-se com pessoas na sua profissão que tenham idéias novas. Combine as idéias deles com as suas próprias de novas maneiras.

(w) Analise os processos pelos quais as pessoas na sua profissão aprendem novas coisas e utilize-os para fazer melhor o seu trabalho. Esses processos são racionais? Como seriam processos melhores?

(x) Identificar cinco tendências importantes no mundo em geral, p. ex., “a China está ficando integrada a outros países” ou “os computadores serão mil vezes mais poderosas dentro de vinte anos”. Que oportunidades e desafios essas tendências criam para a sua profissão?

(y) Perguntar-se, qual é o verdadeiro objetivo da minha profissão, ou a minha área particular? Qual seria um modo completamente diferente de realizar aquele objetivo? Pense numa lista de vinte maneiras por quais o trabalho na sua profissão pode ser modificado para conectá-lo mais diretamente com o seu verdadeiro objetivo.

(z) Tendo feito muitos dos exercícios enumerados em cima, tente caracterizar o seu estilo de pensamento pessoal – ou, mais precisamente, o seu estilo de identificação de problemas. Por exemplo, você pode descobrir/trabalhar melhor quando imerso em uma multidão de pessoas competentes, ou pesquisando em um grande montantes da informação, ou desenhando diagramas. Então invente alguns métodos que realmente amplificam aquilo que funciona para você.

Você vai provavelmente querer aplicar vários desses métodos, trabalhando-os continuamente até que você tenha um quadro claro das questões que estão emergindo. Sempre que você puder articular uma questão candidata, pergunte às pessoas que contra-argumentos um público resistente levantaria, então use-os produtivamente para tornar a sua questão ainda melhor. Uma vez que você finalmente define uma questão, encarregue-se de promover a consciência da sua profissão sobre ela. Se achar que essa atitude pode fazer você parecer arrogante, é somente porque você não está acostumado. Concentre-se na questão e você será perfeito.

[2] Tendo escolhido a sua questão, comece um projeto para estudá-la. Você poderia fazer isto no contexto de um artigo ou um estudo independente, ou você poderia organizá-la pelo setor estudantil de uma associação profissional. Ou você poderia fazê-lo simplesmente no seu próprio tempo. O trabalho é difícil, sim, mas é um investimento. Veja se um professor [membro da faculdade] se dispõe como um orientador do projeto, e se você pode usar o nome dele para contactar pessoas.

[2] Encontre pessoas relevantes e fale com elas. Primeiro faça sua pesquisa para identificar algum problema convencional que está por aí. Então fale com alguns profissionais que estão enfrentando o problema, especialmente se eles tiverem falado publicamente de um aspecto sobre ele. Você pode encontrar essas pessoas perguntando aos professores universitários do seu curso; o trabalho deles é conhecer todo mundo. Se os professores forem reservados no início para disponibilizar seus contatos, então trabalhe os seus próprios contatos, por exemplo os seus colegas estudantes ou a sociedade profissional. Você também pode encontrar pessoas relevantes lendo publicações profissionais, assistindo a conferências, e procurando Web sites. Diga às pessoas que você procura que o seu projeto está agregando a experiência da profissão com a questão, e pergunte se você pode entrevistá-los. Tenha uma conversação boa, focada, tome notas sérias, pergunte se eles querem compartilhar algo confidencial, dê seu cartão, e prometa permanecer em contato. Por que eles estariam dispostos a falar com você? Porque você está trabalhando em uma questão importante, e porque você está associado a uma escola profissional, que é um centro de pensamento e ligação em rede para o campo. Use o poder simbólico da universidade enquanto você ainda está associado a ela.

[4] Junte o que você ouviu. Ninguém está esperando que você resolva os problemas. Os verdadeiros profissionais realmente têm de resolver problemas, naturalmente, mas agora a ênfase está mais em perguntas do que respostas. Você contribuirá simplesmente definindo o escopo dos problemas que as pessoas estão enfrentando. Crie uma taxonomia e dê exemplos. Fale sobre o que as pessoas estão fazendo para enfrentar os problemas. Concentre-se na prática: as decisões reais que os profissionais da área terão que formular, e a variedade das considerações que eles terão que levar em conta. A maior parte dessas considerações parecerão óbvias quando isoladas, mas muitas pessoas agradecerão por ter uma lista completa à sua frente. Lembre-se de que os profissionais, não importa quão criativo e intuitivo eles são, têm de justificar as suas decisões de um modo racional, dando razões por que eles fizeram uma escolha e não outra. Você fará um serviço somente expondo as escolhas e razões. Fale sobre as conseqüências que as pessoas vêem para o futuro. Apenas imponha alguma ordem. Os professores universitári no seu curso podem provavelmente ajudá-lo com isto. Escreva claramente e concisamente, e procure alguém que escreva bem para editar o seu trabalho.

[5] Faça circular o resultado. Envie cópias às pessoas que o ajudaram. Chame-o de relatório preliminar ou provisório se você quiser. Dê crédito às pessoas cujas idéias você descreveu. Então siga em frente. Procure novos comentários. E escreva algumas colunas curtas para publicações profissionais. Descreva o seu projeto e resuma a questão. Explique por que a questão está se tornando importante. Concisamente apresente os perigos e oportunidades da profissão. A sua missão é a de liderar: apresentar à profissão uma questão válida que requer ação. Novamente, você não precisa especificar qual seria a ação correta. Você só tem de dar forma à questão. Assegure-se que as suas colunas publicadas tenham um endereço de e-mail permanente onde as pessoas podem contacta-lo, e melhor ainda, o URL de uma Página da Web onde você reuniu materiais relacionados à questão.

[6] Explore o seu trabalho. Seja convidado para falar em reuniões. Corresponda-se com as pessoas que contactaram você depois de ler seu trabalho. Encontre mais pessoas que apreciam o significado da questão. Se você ouvir sobre alguém que está trabalhando em uma questão semelhante, faça amizade. Mostre-lhes que você leu o seu trabalho, lhes dá o crédito devido, e exponha como os seus projetos completam um ao outro. Estenda a sua rede para incluir clientes da sua profissão e pares. Como você cria perspectivas em muitas pessoas, deixe a sua compreensão da questão crescer e desenvolver-se. Apresente formas honestas de explicar a questão e respostas claras às perguntas padrão que perguntam-lhe. Não tente converter as pessoas que não compreendem. Você pode ser uma voz na selva durante algum tempo, mas continue construindo redes e sintetizando idéias. A sua aproximação enérgica e responsável o transformará em um imã de gente inteligente. Com o interesse na questão acelerando, construa instituições em volta dela. Veja se as pessoas na sua rede querem começar uma lista de discussão moderada. Organize um painel de discussão sobre ela em um encontro de estudantes ou profissional. E assim por diante. Continue indo até a questão amadurecer ou desaparecer. Então encontre outra questão e comece novamente.

Esse é o procedimento. Você sempre deve ter pelo menos uma questão que está desenvolvendo desta forma. Fazendo assim, você está ajudando a profissão a pensar em voz alta nos seus problemas e potenciais, e você também está ajudando a melhorar a profissão em conjunto estabelecendo conexões entre as pessoas que estão pensando em questões no horizonte. Você também está se transformando em um candidato de emprego forte. Você está construindo o conhecimento e você está construindo redes. Um objetivo de um curso com foco profissional é construir tais redes, e ajudando-o o curso você ajuda-se.

Se você tem passado a sua vida inteira frequentando cursos e se fatigando em empregos normais, então você pode achar a perspectiva da liderança intimidante. A maior parte dos cursos e empregos temem você, então eles estimulam uma atitude dependente em que você deve esperar que outras pessoas lhe provenham coisas. Naturalmente que eles não são bem sucedidos; nenhuma instituição pode extinguir completamente a motivação humana. Mesmo assim, poucos cursos ou empregos, treinam ativamente os seus habitantes a tomar iniciativa organizando as pessoas em volta de questões emergentes. As pessoas prósperas em todas a história registrada exerceram liderança desta maneira. Também não dão larga publicidade aos métodos de liderança que descreví, e muitos cursos que supostamente deveriam ensinar as habilidades de liderança as omitem inteiramente. Mas os lideres estão lá fora, agitando com força total, e você pode aprender apenas observando as pessoas prósperas em ação. Estou esperando que apenas lendo este texto você possa aprender isso um pouco mais rápido.

Conforme você avança na sua profissão, vocês estará gerenciando pessoas de forma mais sofisticada, e envolvido em questões mais sofisticadas. De qualquer forma, será importante para cultivar a sua vida intelectual. A liderança é uma habilidade tão rara que não importa se você é gênio em sua área de domínio. A liderança é um processo, e o ponto principal é que você não responderá a todas as perguntas por sí só.

Conseqüentemente, você terá de construir uma rede de confiança cerebral – com gente inteligente e informada que você pode recorrer quando precisar de avaliação especializada. E esta é uma boa razão para manter contatos do seu curso, com as pessoas inteligentes que passam por alí enquanto você está por lá. Outra boa forma de começar uma rede de confiança cerebral é organizando uma série de palestras. Para que intrepidamente possa avaliar as suas forças intelectuais e fraquezas, e logo faça amigos profissionais que possa complementá-lo. A sua contribuição é a de facilitar este movimento amplo dentro de sua profissão.

Quando você se torna um lider, também enfrentará questões éticas. A liderança tem uma má reputação; as pessoas geralmente a associam com desonestidade, manipulação, e “política”. É porque tantos “líderes” preferem pegar a onda de certas questões, extraindo a energia social em volta delas para seu próprio benefício, antes de ser uma força positiva e construtiva na comunidade. Uma vez que você construiu uma rede e desenvolveu um pouco de retórica, você pode sair dela de forma muito egoísta. As pessoas provavelmente até o louvarão por causa dela. Você pode pode aproveitar oportunidades profissionais participando de uma rede de ajuda mútua entre os seus colegas de profissão, mas depois nunca colaborar com a comunidade novamente oferecendo sugestões sérias. Mas isto não adianta. O seu trabalho deve modelar a liderança positiva. Você sem dúvida algum ouviou que a liderança verdadeira é “abnegada”. Não acentuei este problema por enquanto, pela simple razão de que é inútil exigir das pessoas que elas sejam lideres abnegados, até que eles compreendam o processo de seis passos que farão deles lideres de verdade. Agora que você realmente entende o processo, e uma vez que especialmente você acostuma a exercê-lo de fato, é tempo de põr alguma conteúdo nele. Use as suas conexões para ajudar as pessoas que merecem e precisam de ajuda. Promova todas as idéias valiosas que você encontra, e se elas reforçam os questionamentos ou não. Continue tentando compreender os questionamentos mais profundamente, e pergunte-se se a transformação no mundo está trazendo outros questionamentos mais importantes. Não seja um entusiasta do ego. E escreva sobre o que você vem aprendendo ao longo do caminho.

Por que argumento que o mundo moderno precisa que todos os profissionais se ocupem da liderança? Antes da Internet, os profissionais tinham que ser generalistas. Os problemas surgiram, e você tinha que de resolvê-los. Hoje, contudo, as instituições e as infraestruturas da sua profissão facilmente disponibilizam o conhecimento profissional para que você carregue onde quer que seja necessário. Para ter sucesso na sua carreira, você precisa mais do que as habilidades que você aprendeu na escola – você tem de ser o perito mundial em algo. O conhecimento é global, está crescendo exponencialmente, e ninguém pode assimilar todo do conhecimento necessário na sua cabeça. Assim de toda as pessoas estão buscando alguma forma de especialização. A especialização não significa estreiteza: ele significa estender a mão para focar em muitas direções, sse conectando com muitas espécies de pessoas, e tricotando em conjunto sobre os elementos que fazem a sua matéria importar. ” Liderança” foi utilizada para significar algo único: um exército teve um líder e todos os outros o seguiram. Hoje, contudo, o conhecimento está multiplicando-se tão rápido que precisamos de mais líderes do que possibelmente podemos produzir. Cada líder pode sentir-se importante, e genuinamente ser importante, e todo o mundo pode ser um líder, inclusive você.
Aqui estão alguns livros e artigos que poderiam ser úteis

Nota dos tradutores: as referências para as leituras sugeridas foram mantidas no idioma original. Caso a obra seja editada no país, colocamos a referência em português em seguida.

Networking on the Network. This is a much longer article that I wrote about professional networking for students in PhD programs. Although most of the detailed instructions are specific to the research world, the underlying philosophy will carry over into the professional world. On the Web at .

Wayne E. Baker, Networking Smart: How to Build Relationships for Personal and Organizational Success, New York: McGraw-Hill, 1994. A fairly comprehensive book on the networking process, with greater emphasis than most on strategy.

Peter Block, Flawless Consulting: A Guide to Getting Your Expertise Used, Austin: Learning Concepts, 1981. Though written for management consultants, this book has valuable things to say about the feelings that come up in any kind of professional work, and how to use them honestly for everyone’s benefit. [Peter Block, Consultoria: O desafio da liberdade, São Paulo: Makron 2001].

Thomas H. Davenport and Laurence Prusak, What’s the Big Idea? Creating and Capitalizing on the Best Management Thinking, Boston: Harvard Business School Press, 2003. This is a book about how to go shopping, so to speak, among the ideas that are available in the works of management professors and consultants — understanding the nature and dynamics of the ideas and choosing the ones that work best for your organization and career. [Thomas H. Davenport e Laurence Prusak, Vencendo com as melhores idéias. Como fazer as grandes idéias acontecerem na sua empresa. Rio de Janeiro: Campus, 2003].

Donna Fisher and Sandy Vilas, Power Networking, Austin: Mountain Harbour, 1992. This is the best all-around book on the subject of professional neworking. It abstracts a long list of guidelines that apply pretty widely across professions.

Roger Fisher and William Ury, Getting to Yes: Negotating Agreement Without Giving In, Boston: Houghton Mifflin, 1981. This is the classic book on negotiating. Its core message is that you should negotiate on the basis of interests and not on positions, so that negotiation becomes cooperative problem-solving. If you lead then you’ll need these skills. [Roger Fisher e William Ury, Como chegar ao sim: A negociação de acordos sem concessões. São Paulo, Imago: 2005].

Ford Harding, Rain Making: The Professional’s Guide to Attracting New Clients, Holbrook, MA: Bob Adams, 1994. The way to get ahead is to do something new and tell everyone about it. This is a pretty good introduction to the process, with a focus on publishing an article and developing professional networks.

Linda A. Hill, Becoming a Manager: Mastery of a New Identity, Boston: Harvard Business School, 1992. As a professional you’ll have probably a manager, and soon enough you’ll probably be a manager yourself. Your job is to deal with these relationships in a mutually beneficial way while also maximizing your own autonomy. This is a study of new managers getting used to their jobs, and it’s a good source of insight into these issues. [Linda A. Hill, Novos Gerentes: Assumindo uma nova identidade. São Paulo: Makron, 1993].

Robert Jackall, Moral Mazes: The World of Corporate Managers, New York: Oxford University Press, 1988. This is a terrific book about the ethical issues that will surround you in the organizational world. Once you understand these issues, you will see trouble coming much further off, while you can still make your own decisions about it.

Tom Jackson, Guerrilla Tactics in the New Job Market, second edition, New York: Bantam, 1991. This is an excellent book about finding a job; though it is out of print, you can probably find a used copy online. Sending dozens of resumes to personnel departments is one approach, but a much better approach is systematic networking and inside research.

W. Chan Kim and Renee Mauborgne, Blue Ocean Strategy: How to Create Uncontested Market Space and Make the Competition Irrelevant, Boston: Harvard Business School Press, 2005. This is a business book that describes several methods for inventing entirely new products and services. [W. Chan Kim and Renee Mauborgne, Estratégia do Oceano Azul: Como criar um espaço de mercado e tornar a competição irrelevante. Rio de Janeiro: Campus, 2005].

Michael Watkins, The First 90 Days: Critical Success Strategies for New Leaders at All Levels, Boston: Harvard Business School Press, 2003. This is a good basic outline of the first things to do when you have been promoted to any sort of managerial job, and most of it applies to any job at all. [Michael Watkins, Primeiros 90 dias: Estratégias criticas de sucesso para novos lideres em todos os níveis].

Copyright 2005 por Phil Agre.

A “fadiga da carne”: reflexões sobre a vida da mente na Era da Abundância

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por Paul B. Gandel, Richard N. Katz e Susan E. Metros.

Tradução: Moreno Barros

De forma crescente, o foco de atenção no ensino superior recai sobre os “três As”: acessibilidade [accessibility], disponibilidade financeira [affordability] e contabilidade [accountability]. Um dos problemas contínuos da chamada era do conhecimento, é o desequilíbrio entre a oferta de trabalhadores do conhecimento e a crescente demanda por seus serviços. Ainda, a urgência dos concernimentos de oferta-demanda frente à acessibilidade, disponibilidade financeira e contabilidade, desviou atenção para um quarto “A”: abundância.

Uma História de Escassez

A história do aprendizado humano pode talvez ser melhor descrita em termos de falta de abundância ou escassez. Antes da invenção da imprensa, aptidão literária e aprendizagem eram situadas a serviço das elites seculares ou eclesiásticas dominantes. Textos seculares e sacros eram copiados a mão e armazenados em palácios imperiais ou escritórios monásticos para proteção, longe dos olhares indagantes. A difusão do conhecimento em uma era de tal escassez era necessariamente lenta e altamente controlada. Acesso ao conhecimento e aprendizagem era mediado por privilégios e posições sociais; aptidão literária era limitada e racionada devido às tecnologias prevalecentes (cópias feitas à mão e iluminação dos manuscritos) e por causa do desejo de se instituir um controle social.

A complexidade do domínio (e taxação) dos estados-nação necessitava a expansão do acesso educacional em aspectos seculares, criando um ambiente condutível para a construção dos grandes universidades européias em Bologna, Pisa, Oxford, Cambridge e Paris. Ainda, o controle social não deveria ser sacrificado e o acesso continuaria confinado aos (segundos e terceiros) filhos da elite dominante.

A invenção da imprensa por Johann Gutenberg no Século XV favoreceu a aptidão literária (acesso), a democratização do conhecimento e conseqüentemente diminui a autoridade política da igreja e do estado na Europa. Entre outras coisas, ao impacto dessa invenção na política econômica de escassez é creditado o surgimento da Reforma Protestante. A propagação da aptidão literária, através do crescimento de especialistas e recursos informacionais, também contribuiu indiretamente para a Revolução Francesa, a Revolução Americana e a difusão da idéia de democracia política na Europa Ocidental e no Novo Mundo.

A história da educação superior ocidental desde a Revolução Francesa tem sido dominada por pelo menos sete influências da época:

1. O ideal Jeffersoniano que igualou educação superior com cidadania efetiva e a viabilização do sistema democrático de governo.

2. O Ato U.S. Morrill de 1862 garantindo espaço federal (terra) para os estados dos E.U.A. criarem universidades públicas que deveriam admitir gratuitamente estudantes para estudos das artes mecânicas (engenharia) e de agricultura (Canadá e alguns países europeus e do Commonwealth adotaram variações dessa legislação).

3. A criação do primeira universidade de pesquisa em Berlin (Humboldt University) e a replicação desse modelo nos Estados Unidos (Johns Hopkins University).

4. O movimento americano das faculdades comunitárias (community college).

5. A criação da “mega-versidade,” exemplificado pelo Universidade Aberta (Open University).

6. A bem sucedida capitalização privada-mercado, padronização e globalização da educação superior, exemplificada pela University of Phoenix.

7. A (parcialmente) bem sucedida integração de técnicas instrucionais online (síncronas e assíncronas) com a proliferação (controlada e descontrolada) de recursos online.

Todos esses desenvolvimentos refletem invenções e instituições que eram criadas para cultivar equilíbrio entre a oferta de especialização necessária para a promoção da prosperidade social e econômica e a demanda por tal especialização. O equilíbrio porém, provou ser ilusório já que a economia mundial gradativamente desloca-se da sua solidificação sobre fatores tradicionais de produção, como terra, trabalho e capital financeiro para solidificação sobre fatores renovados, como o capital intelectual.

Uma era de abundância informacional

Com a vasta proliferação de computadores, redes e informação interligada hoje, acesso à informação é (ou pode ser previsto para ser) relativamente fácil, barato, amplo e democrático. Claro, mesmo 3000 anos atrás, Rei Salomão nos alertou: “fazer muito livros não tem fim; e muito estudo causa fadiga da carne” (Eccl. 12:12). Os problemas nas primeiras décadas da era dirigida pelo conhecimento recaíam sobre uma nova abundância e um novo e talvez crescente desequilíbrio entre a matéria-prima da produção da aprendizagem (recursos informacionais) e os outros fatores da produção da aprendizagem (tutores, professores, ambientes de aprendizagem inteligentes, programas de aprendizagem assíncronos, técnicas mediadas online e afins). Além, a atual e prospectiva era da abundância informacional irá desafiar muitas suposições básicas e práticas sobre a salvaguarda, proteção, filtragem, preservação, avaliação, purificação, descrição, catalogação e tratamento da informação para propósitos educacionais, de aprendizagem e acadêmicos. Em particular, quatro fatores explicam porque esse problema de abundância informacional merece mais atenção aqui e agora.

Primeiro, a mudança de uma economia industrial para uma do conhecimento – mudança reconhecida em 1973 por Daniel Bell [1] — já começou e está acelerando velozmente. As economias de muitas nações pós-industriais são dominadas por (1) tecnologias de informação e telecomunicações; (2) serviços financeiros; (3) entretenimento, publicação, notícias e outras mídias; e (4) farmáco e biotecnologia. Para o seu sucesso, essas indústrias dependem não de trabalho ou terra mas sim de capital financeiro e intelectual. Elas são essencialmente indústrias do conhecimento – dependentes da aquisição e utilização de tecnologia de informação, de ter (ou restringir) acesso à informação correta no tempo correto e do gerenciamento do fluxo da informação.

Segundo, a economia da produção de semicondutores (e relacionados) deve forçar uma reavaliação dos conceitos de escassez e abundância. A Lei de Moore, que estabelece a duplicação da performance dos semicondutores a qualquer preço constante em um período de dezoito meses, tem sido validada no mercado comercial por mais de vinte anos. Além disso, numerosas “leis” relacionadas apontam para a duplicação da capacidade de armazenamento, banda e outros elementos da infraestrutura das tecnologias de informação. Em essência, um computador básico com significante armazenamento local agora custa não mais do que a ubíqua tv colorida. Acesso veloz à internet está amplamente disponível na maioria das cidades e em muitas faculdades e universidades com preços comparáveis ao serviço prêmio de televisão a cabo. Em suma, o custo de acesso a modernas ferramentas eletrônicas de aprendizagem provavelmente agora se compara favoravelmente ao custo de livros e gradativamente incluem os custos de alguns recursos licenciados como apostilas, telefones e televisões. Esses custos continuarão em declive (em relação à performance) dramaticamente.

Terceiro, integração informacional está se tornando a norma. Se os primeiros cinqüenta anos de computação na educação superior focaram no desenvolvimento unicamente e em sistemas institucionalizados para suporte de inumeráveis detalhes administrativos – como folha salarial, contabilidade de verbas e pagamentos, rastreamento de livros da biblioteca, inscrição individual em disciplinas – a próxima metade de século provavelmente será caracterizada pela padronização dessas aplicações, a integração dessas aplicações uma com as outras e a transição da atenção, invenção e investimentos para sistemas criados para ampliar a produtividade de aprendizagem e resultados. Desde 1997, faculdades e universidades dos Estados Unidos gastaram mais de $5 bilhões para modernizar e padronizar seus núcleos administrativos e sistemas de informação. Novas técnicas e padrões, como XML e serviços Web estão sendo investigados e distribuídos estrategicamente para alavancar as decisões em favor da padronização e da interoperabilidade. Dois terços das faculdades e universidades americanas já implementaram um ou mais sistemas de gerenciamento de curso (CMS – course management systems) para introduzir automação e padronização em favor da transferência de instrução. Novas e avançadas tecnologias e técnicas para armazenamento, exploração, análise e apresentação de dados e informação estão trazendo modalidades textuais, visuais, audíveis e outras em novos modelos. Além disso, revelações em animação, visualização científica, realidade virtual e simulação estão tornando possível para as pessoas interagir com informação em fundamentalmente novas maneiras.

Quarto, um princípio da era dirigida pelo conhecimento é que a educação é um esforço de uma vida inteira, algo que apenas ocasionalmente será mediada pelos artefatos “tradicionais” das experiências de aprendizagem históricas: lugares, professores, pares aprendizes com idades específicas, titulações e afins. A mudança da expectativa de uma idade específica para a experiência da aprendizagem para a expectativa de um esforço de aprendizagem de uma vida inteira já está remodelando o mercado para o ensino e a aprendizagem. Novas aplicações de resultados educacionais, novos marcadores de realizações educacionais, novos fornecedores de materiais educacionais, cursos, titulações e novos métodos de concessões institucionais estão aparecendo e evoluindo na escalada para mediar oferta e demanda para conhecimento e aprendizagem.

Um futuro de quase inimaginável abundância

Em diversas maneiras, os mercados de conhecimento e aprendizagem estão evoluindo como os mercados de alimentos. De uma perspectiva planetária, nós temos capacidade de produzir comida suficiente para sustentar a vida humana de maneira razoável. Os problemas de nutrição e fome mundial são relacionados mais a problemas de distribuição, políticas globais e econômicas e educação. Em relação à informação, conhecimento e aprendizagem, o futuro é de uma inimaginável abundância. Com o acesso a rede tornando-se mais veloz e mais amplo e com o custo do armazenamento eletrônico caindo cada vez mais, qualquer pessoa que desejar, será capaz de capturar, tornar visível, disseminar e preservar todos os momentos de sua vida. A capacidade de se criar um registro digital compreensivo de experiências de vida e trabalho tornará inovações anteriores, como publicações utilizando um microcomputador, parecerem erros contínuos.

O novo potencial irá influenciar imensamente condutas institucionais e individuais, expectativas e experiências. Antes da invenção da fotografia, por exemplo, apenas os ricos poderiam pagar para documentar sua existência, delegando uma pintura ou escultura. A invenção da fotografia permitiu pessoas comuns documentarem suas vidas. Hoje, televisão, webcams e telefones celulares gravam, armazenam e transmitem as trivialidades das vidas das pessoas. Weblogs, ou “blogs”, refletem antigas tentativas de se organizar experiências pessoais com o propósito do compartilhamento de experiências com outros. Na próxima década, gravar, armazenar e transmitir as trivialidades da vida será técnica e economicamente possível para qualquer pessoa. Tomar proveito dessa possibilidade será apenas uma questão de escolha.

Apesar de os benefícios educacionais de tal possibilidade poderem ser questionáveis, pouco se argumenta se essas capacidades estarão disponíveis ou se elas serão utilizadas. Estranhas desconsiderações sobre a capacidade das pessoas encontrarem utilidade para telefones ou PCs em casa ou em seu trabalho trazem a lembrança de Bill Gates, da Microsoft e Ken Olson, da Digital, com caráter quase humorístico. A Internet permaneceu por muito tempo como domínio dos tecnicistas – até que a Web se abriu para o meio para consumo popular.

As implicações educacionais de confusa abundância – ou seja, as capacidades quase infinitas individuais de gravação, armazenamento e transmissão – devem ser de fato discutidas com detalhe significante. Por exemplo, mais de 31 bilhões de e-mails são trocados todos os dias.[2] Mesmo que seja improvável que nós iremos transmitir com precisão (deixe administrar sozinho) as implicações – tanto institucionais e pedagógicas – de abundância massiva de informação, é incontestável que o impacto irá magnificar a reclamação do Rei Salomão para além da compreensão.

O gerenciamento de informação infinita

Economistas rapidamente irão relembrá-lo que “quase de graça” não é de graça. Qualquer pessoa que tem sido responsável pelo gerenciamento de um estoque de tecnologia em uma instituição, licenças de softwares, licenças de conteúdo em uma biblioteca e outros, rapidamente adicionará que apesar de os custos por MIPS, por mensagem transmitida, por gigabyte e por busca, terem diminuído consideravelmente, os custos totais de manter esse novo ambiente se elevaram ao mesmo passo. Discretamente, fornecedores de tecnologia para a educação superior estão discutindo quais serviços de tecnologia de informação e níveis de serviço devem manter. Alguns estão considerando o potencial de se oferecer serviços de e-mail para ex-alunos, pais e outros “acionistas” em adição aos atuais estudantes, servidores e professores. Clifford Lynch indica que a educação superior hoje possui a capacidade de tornar cursos “visíveis”, com mais e mais produção de materiais de curso em formato digital, e armazenados nos computadores institucionais.[3] MIT já deu o primeiro passo nessa direção oferecendo gratuitamente todos os seus materiais de curso através da iniciativa do OpenCourseWare (OCW – produto de curso aberto). A questão então se torna: quanto espaço em disco “quase grátis” deve ser alocado para os membros da comunidade, por quanto tempo e para quais propósitos?

Instituições estão se tornando cada vez mais sofisticadas em relação ao uso da informação que possuem e precisarão tornar-se melhor na modelagem, armazenamento, busca e disseminação dos dados. O potencial vazamento nuclear em Three Mile Island ilustra esse ponto. O vazamento quase ocorreu não porque faltava informação e sim porque os técnicos não atenderam à informação certa. Como Christopher Burns aponta, ”a crise em Three Mile Island dramaticamente ilustra como um desastre pode resultar se a quantidade de informação é utilizada como um substituto para a qualidade de informação”.[4] Similarmente, os trágicos eventos de 11 de setembro também ilustram, em parte, o problema do excesso de informação. Quase todos associados à investigação dos ataques terroristas concordam que a falha na prevenção dos ataques deveu-se não por causa de falta de informação de inteligência, mas por causa de uma falha no reconhecimento dessa informação, no isolamento dela do montante e da redundância de todas outras informações e agir sobre ela de maneira coordenada.

O embate de culturas entre as profissões de gerenciamento de dados em conseqüência, exacerba o desenvolvimento de estratégias institucionais efetivas para o gerenciamento informacional. Tecnologistas enxergam o problema sob a perspectiva da criação de grandes capacidades digitais para armazenamento ou a criação de melhores máquinas de busca. Bibliotecários geralmente focam na aquisição de informação publicada externamente à instituição. Além disso, os sistemas que bibliotecários criaram são construídos sobre preservação e escassez, não abundância. Arquivistas e gerenciadores de registros, por outro lado, são guiados a criar decisões sobre “o que é importante.” Entretanto, a extensão de suas responsabilidades é limitada a oficiais e, tipicamente, documentos em papel. Ainda, eles também focam nas evidenciais qualidades dos registros ao invés do conteúdo informacional dos registros – conteúdo que pode ser utilizado para decisões e ações.[5]

O complemento pessoal para o dilema do gerenciamento institucional de dados foi ricamente descrito por Russell L. Ackoff, mais de trinta e cinco anos atrás, em seu artigo “Gerenciando Sistemas de Desinformação”. Ackoff descobriu que estudantes a quem eram designados apenas resumos de artigos de periódicos obtiveram melhores resultados em exames, do que alunos que foram instruídos a ler os artigos por completo. Ackoff concluiu: “Eu não nego que a maioria dos gerentes (pessoas) não possui discernimento sobre a informação que eles deveriam possuir, mas eu nego que esse seja a deficiência informacional mais importante que eles sofrem. Me parece que eles sofrem de uma super abundância de informação irrelevante”.[6]

Criando limites: a ecologia do gerenciamento de informação

Informação, conhecimento e ciência envolvem mais do que apenas a coleção de bits dentre grandes armazéns de dados. O caráter social da informação – isto é, como a informação é utilizada – precisa se tornar essencial para a definição de programas [agendas] de gerenciamento de informação. Considerando que a informação pura da aprendizagem e da educação está sendo coletada em um surpreendente grau, também está sendo perdida ou tornada inutilizável em um grau ainda mais surpreendente. Conseqüentemente, nós precisamos fazer uma aproximação muito mais holística, uma que reconhece a interconexão de recursos informacionais e de indivíduos que criam e utilizam esses recursos. Uma metáfora que tem sido utilizada pra descrever essa aproximação holística é a visão de sistemas de informação como uma forma de ecossistema – uma ecologia informacional.

Bonnie Nardi e Vicki L. O’Day definem uma ecologia informacional como um sistema de “pessoas, práticas, valores e tecnologia em um ambiente particular local”.[7] Para Thomas Davenport, uma ecologia informacional coloca em seu centro, “como as pessoas criam, distribuem, compreendem e utilizam a informação”.[8] Ambas definições focam em atividades humanas – não em tecnologia – como o núcleo de um sistema informacional. A chave é capturar não simplesmente os dados e a informação mas as relações contextuais e significados que as pessoas dão para os dados e para a informação. Essas idéias podem ser comparadas com Vannevar Bush e sua famosa conceitualização do “memex”. Em 1945, Bush argumentou:

Nossa inaptidão em alcançar os registros é largamente causada pela artificialidade dos sistemas de indexação. Quando dados de qualquer tipo são inseridos em estoques, eles são classificados alfabética ou numericamente e a informação é encontrada (quando isso acontece) trilhando subclasses em subclasses. Isso pode ocorrer em apenas um local, a não ser que duplicatas sejam utilizadas; alguém deve conhecer as regras sobre como localizá-los, e as regras são difíceis de se assimilar. Encontrando um item, você deve emergir do sistema e reiniciar um novo caminho.

A mente humana não trabalha dessa maneira. Ela opera por associações. Com um item em sua possessão, move-se instantaneamente para o próximo que é sugerido pela sua associação de pensamentos, em acordo com algumas intrincadas redes de trilhos percorridos pelas células do cérebro.[9]

A idéia por trás da ecologia informacional é que os elementos básicos são escoamentos e ramificações (pense em escoamentos como condutores, fluxos e ramificações como estoques de informação) que são entrelaçados, com um crescendo sobre o outro. A dinâmica do escoamento e da ramificação não funciona por acaso, mas são determinadas pela interação de quatro dimensões: interdependência, mudança, tempo limite e diferenciação. Mais simples, uma ecologia informacional é um sistema de pessoas, práticas, valores e tecnologias em um ambiente particular. A palavra ecologia é importante aqui porque conduz o senso de urgência sobre a necessidade de ter controle dos sistemas informacionais – como Nardi e O’Day explicam, “para injetar nossos próprios valores e necessidades dentro deles para que nós não sejamos oprimidos por algumas de nossas ferramentas tecnológicas”.[10]

Como argumenta Bush, normalmente nós esperamos que a informação se adapte dentro de um sistema preordenado, da mesma maneira que livros se inserem no Sistema Decimal de Dewey. Tomar uma aproximação mais ecológica dos sistemas informacionais clama pelo foco, ao contrário, sobre a maneira como a informação é criada e utilizada. Em diversas circunstâncias, essa aproximação não é diferente daquela usada por arquivistas tradicionais. O arquivamento tradicional segue os princípios de proveniência e ordem original em armazéns de informação e dados. Proveniência refere-se mais sobre manter intactos o intento original, a ordem organizacional e a associação de pensamentos do criador e refletindo o contexto no qual a informação foi utilizada – em outras palavras, focar no criador individual e no usuário da informação.

Foco no indivíduo

Do mesmo modo que o estudo de sistemas ecológicos focam nos organismos individuais, talvez da mesma maneira a criação de sistemas informacionais deveria focar nos indivíduos que criam e utilizam a informação. Como funcionaria esse desenvolvimento? Primeiro, ele deveria estabelecer as necessidades individuais de informação. Por exemplo, instituições que estão começando a criar bibliotecas digitais e repositórios estão achando difícil encontrar professores que contribuam com documentos e outros materiais para esses repositórios. Parte do problema pode ser os rígidos esquemas organizacionais construídos para atender necessidades dispersas ou o fato de que repositórios centralizados estão removidos muito distantes do conforto das disciplinas matrizes do professor. O problema pode também ser que esses sistemas não foram desenvolvidos tendo em mente o gerenciamento de necessidades informacionais individuais. Pode ser irracional esperar que um professor ou um administrador da universidade crie uma super abundância de meta-etiquetas [meta-tags] especializadas para atender aos requerimentos de um repositório digital institucional, especialmente se essa atividade é separada das atividades que ele desenvolve criativa e academicamente. Por outro lado, e se aos indivíduos fossem disponibilizadas as ferramentas para facilitar a automação, criação, compartilhamento de bibliotecas digitais pessoais ou repositórios desenvolvidos para atender as necessidades de produtividade do acadêmico, administrador ou estudante – sistemas desenvolvidos para organizar e facilitar sua própria pesquisa, trabalho ou programas de aprendizagem?

Essas questões quase inevitavelmente levam à exploração de e-portfolios. Se um e-portfolio não é simplesmente uma coleção de materiais, mas uma coleção de matérias com um propósito, ele executa as funções associadas com arquivos pessoais. Ou seja, tal coleção, mentalizada e construída de acordo com as escolhas conscientes sobre o que reter e o que descartar, forma uma base de conhecimento sobre um indivíduo – um repositório que serve como um recipiente para coletar e sintetizar dados e informação na maneira que o indivíduo necessita e utiliza os dados e a informação. Considerando que o termo e-portfolio ou sistema de gerenciamento de conteúdo [content management system] poderia ser usado para descrever tal sistema de informação pessoal, depositório pessoal digital é um termo muito mais apropriado porque reflete o propósito específico de tal sistema. Um repositório pessoal digital começa a preencher a profetização de Bush sobre o memex: “um aparelho no qual o indivíduo armazena todos os seus livros, registros e comunicações e que é mecanizado para que possa ser consultado com velocidade excedente e flexibilidade. É um largo íntimo suplemento para sua memória”.[11]

Repositórios pessoais digitais oferecem intrigantes possibilidades de trazer consigo conhecimentos e culturas individuais coletadas ao longo do tempo e que poderão ser compartilhadas com outros. Imagine se pesquisadores pudessem ter acesso não somente aos escritos pessoais de Albert Einstein, publicados e não publicados, mas também todos as outras escrituras que ele coletou ao longo dos anos e utilizou como base para formação de suas próprias idéias. Além disso, imagine se pesquisadores pudessem também trilhar as relações contextuais e referências que Einstein criou sobre todos esses materiais. Seria como olhar sobre os ombros de um grande pensador, seguindo a evolução do seu processo de pensamento ao longo do tempo através da exploração de seu estoque pessoal de conhecimento.

Por outro lado, por anos CIOs têm trabalhado diligentemente para eliminar sistemas “sombras”, para que toda a informação possa ser mantida em repositórios centralizados e padronizados. Encorajar o desenvolvimento de repositórios pessoais digitais pode requerer uma mudança em nosso foco estratégico. Também levanta inúmeras questões. Qual papel, se algum, a comunidade deve exercer na articulação e imposição de padrões relacionados a tais repositórios ou arquivos? Quais custos a instituição deve incorrer para suportá-los? Que direitos de acesso ou propriedade as instituições devem receber ou conceder a esses repositórios? Essas questões de policiamento nem mesmo passeiam sobre a superfície de outros inumeráveis, mais práticas questões, como os padrões de autenticidade para informação digital em repositórios.

Criando repositórios institucionais do fundo

Apesar do medo de que repositórios digitais pessoais possam se transformar em silos isolados de informação ser certamente real, um cenário bem diferente pode ser visionado. Recentes desenvolvimentos como Weblogs e tecnologia P2P demonstram que é possível construir estoques de conhecimento compartilháveis do fundo [from the bottom up – do mais improvável, mais distante, com menos recursos]. Utilizando modelos interligados baseados em compartilhamento conjunto e recursos controlados, repositórios pessoais digitais podem ser vistos como os tijolos para a criação de armazéns de conhecimento coletivos para grupos de afinidade e organizações – comunidades de prática. Esses grupos auto-governados podem desenvolver uma série de práticas padronizadas e aproximações para a construção ao longo do tempo de repositórios coletivos surgidos de repositórios individuais. As táticas para a coleta desses recursos agregados poderiam ser focadas em como as organizações e grupos utilizam esses recursos informacionais. E como na comunidade acadêmica e ambiente de trabalho, revisão por pares e pressão por pares poderia servir como mecanismos para separação do trigo do debulho nesses repositórios coletivos.

Essa aproximação orgânica de se construir repositórios organizacionais digitais do fundo se aproxima da aproximação ecológica advogada por Davenport para repositórios informacionais institucionais. Davenport nota: “Uma aproximação centralizada altamente engenhosa ao vasto volume de informação é claramente insustentável. Mesmo os mais bem armazenados registros não possuem valor a não ser que sejam efetivamente utilizados. Estratégias de gerenciamento de informação que faz de cada empregado um gerenciador parece ser a única alternativa viável”.[12]

Para facilitar a navegação através da rede de repositórios digitais pessoais e coletivos, meta-ferramentas podem ser desenvolvidas na mesma relação dos serviços Web. Isto é, meta-ferramentas podem permitir que os repositórios de informação “façam propaganda” da sua disponibilidade, da mesma maneira que arquivistas desenvolvem ferramentas para descrever suas coleções.

Essas ferramentas podem incluir o seguinte: um guia de repositório, que sumariza as propriedades; auxiliares de busca, que detalham o conteúdo; e um índice, que complementa a proveniência ou organização como um auxiliar na identificação de partes relevantes da coleção. Justas, essas ferramentas poderiam trabalhar para fornecer tanto uma ampla, visão geral do material e apontar a partes específicas da coleção. Exemplos de como tais descobertas e ferramentas de navegação podem funcionar podem ser encontradas no mundo dos Weblogs. Blogueiros estão utilizando RSS (Rich Site Summary/Sumário Rico de Site ou algumas vezes, Really Simple Syndication/Sindicação Bem Simples) — um formato XML super leve originalmente concebido para sindicar [em inglês, syndicate, por definição, associação de pessoas ou firmas, sindicato de trabalhadores, também representa uma agência que vende artigos e fotografias para publicação simultânea em um número de jornais ou periódicos.] notícias e entradas de sites que disponibilizam conteúdo constantemente atualizado – em maneiras imaginativas de se compartilhar notícias e informação e para notificar outros blogs de novas atividades.

Implementando um coletivo informacional

Se repositórios digitais podem ser construídos do fundo como parte de um processo coletivo de gerenciamento de registros individuais e criação do conhecimento, mais questões surgem. Onde toda essa informação irá residir? Como os repositórios serão interligados [linked]? Uma forma especial de armazenamento de dados seria necessária, uma que poderia fornecer um endereço eletrônico permanente para a coleção de bits digitais e fazer valer o repositório independente da sua localização física. Em outras palavras, poderia servir como uma “caçamba arquivística eletrônica.” Localizações eletrônicas permanentes poderiam também facilitar a criação de links entre os repositórios. Dentre as caçambas, múltiplos formatos e múltiplos esquemas organizacionais internos deveriam ser suportados.

Trabalho em tais sistemas para o armazenamento permanente de registros arquivísticos digitais já encontra-se em prática. O sistema de bibliotecas digitais Dspace desenvolvido pelo MIT e pela HP e o Flexible Extensible Digital Object and Repository Architecture Project [Projeto Fedora], fundedo pela Andrew W. Mellon Foundation e desenvolvido conjuntamente pelas University of Virginia e Cornell University, são dois exemplos. O projeto VUE em Tufts demonstra que é possível construir ferramentas e padrões que permitem o compartilhamento de informação, bem como o mapeamento contextual associado da informação, através da estrutura de um repositório digital. As Digital Library Initiatives, fundadas pela National Science Foundation (NSF), estão trabalhando na construção de ambientes de conhecimento onipresentes para a criação, disseminação e preservação do conhecimento científico e de engenharia.

Em adição, novas tecnologias têm surgido para resolver os problemas de como armazenar e acessar essas vastas coleções de bens digitais. Uma dessas tecnologias é o Webdisk, baseado em uma tecnologia chamada WebDAV. Webdisk fornece aos usuários um meio flexível, fácil e sem custo de fazer upload e download de arquivos de um servidor remoto. Permite que um “disco” monte em qualquer computador conectado à internet rodando o software requerido e ser configurado como um drive de disco local, uma rede local, ou um sistema de arquivos montado. Esses mesmos adventos técnicos podem ser úteis na criação de uma rede completa de repositórios individuais e coletivos, criando o escoamento e ramificações necessários para um sistema ecológico efetivo e vibrante de compartilhamento de informação e conhecimento e ciência individuais.

Compreendendo os novos papéis do profissional da informação

Claramente, em um mundo de sistemas de informação conectados consistindo de repositórios digitais individuais e coletivos, os papéis dos especialistas em informação e tecnologia precisam mudar. Tecnologistas precisam estabelecer um plano de sistemas mais transparente para a convergência de sistemas e para a convergência de tipos informacionais. Designers instrucionais precisarão dar suporte e educar a comunidade acadêmica sobre os benefícios de se acumular e compartilhar bens digitais e objetos de aprendizagem. Bibliotecários terão um menor papel na organização de materiais em acordo com rígidos padrões e um maior papel no desenvolvimento de princípios organizacionais mais flexíveis para uma vasta variedade de materiais construídos sobre uma gama de diretrizes padronizadas. O foco dos bibliotecários será menor na organização de materiais sobre o fato e maior no ensinamento de outros sobre como organizar os materiais que produzem.

Os papéis dos gerenciadores de registros serão definidos em termos dos tipos de materiais coletados, a política informacional geral da organização e as necessidades dos indivíduos dentro da organização. Arquivistas provavelmente continuarão a servir como os residentes informacionais éticos e pastorar aqueles escoamentos e ramificações que servem à construção de registros históricos significativos. Editores obterão sucesso apenas se eles tomarem proveito dos novos modelos de disseminação ao invés de continuar com a visão corrente de propriedade de conteúdo. Editores precisaram buscar novas maneiras de adicionar valor, por exemplo, googlizar coleções de bens digitais ou resumir e sumarizar bibliotecas-chave dentre uma comunidade de prática. Finalmente, CIOs precisão se transformar nos coordenadores-chefe da informação dentro de uma organização – estabelecendo padrões e diretrizes baseadas na entrada de informação e fornecer as ferramentas que permitirão indivíduos a construir e compartilhar repositórios pessoais de informação.

Novas posições surgirão como papéis obsoletos no ambiente dos repositórios digitais interconectados. Arquitetos da informação e designers de interfaces ganharão notoriedade com a demanda crescente por suas habilidades e talentos. Adicionado a esse gênero de trabalhadores serão os construtores de cursos de iniciação e meta-etiquetadores (não muito distantes dos perfuradores de cartão do passado). E quebradores do conhecimento profissional e estrategistas irão auxiliar seus clientes a assegurar os corretos tipos de informação e peneirar e navegar através das densas coleções de informação e conhecimento.

Conclusão: Memex Redux

A idéia de se criar um sistema compartilhado de sistemas informacionais individuais interconectados capaz de formar uma rede de compartilhamento de conhecimento e ciência, é a culminação da visão criada mais de meio século atrás pó Vannevar Bush. Da estação de trabalho do acadêmico ao hypertexto e a world wide web, a visão de Bush tem sido um guia metafórico para desenvolvimentos tecnológicos na educação. Repositórios pessoais digitais, interligados e facilmente compartilhados, poderia ser o passo final na realização da visão de Bush. Para Bush, a resposta para a explosão informacional era o memex, a “mecanizada biblioteca e arquivo particular” de um acadêmico – em outras palavras, um repositório pessoal digital. De acordo com Bush, o memex de um acadêmico poderia em troca ser ligado a uma rede de acadêmicos de forma que um pudesse passar informações para que “um amigo insira no seu próprio memex, de lá a ser ligado na trilha mais geral”.[13] Hoje essa trilha aponta para o eficiente gerenciamento de informação, começando com o indivíduo e terminando com o coletivo conhecimento e ciência.

Até pouco tempo, a escassez de informação e a maneira como se gerenciava a escassez teria sido um caráter definidor da história humana. Ordens políticas e sociais descansam na fundação da escassez e nossos sistemas de gerenciamento têm sido configurados largamente para racionamento, conservação e otimização do uso dos recursos escassos. Com as redes globais elevando as interconexões entre pessoas, instituições e conhecimento e os custos em declive tornam mais baratos a retenção de recursos de informação do que gerenciá-los da maneira atual, o modelo corrente tende a quebrar e se dissipar.

Novamente nós aprendemos que inteligência centralizada, em sua longa jornada, falha no embate com a insurgente complexidade. A emergente abundância de tecnologia de informação e recursos sugere a real (e presente) necessidade de se explorar uma arquitetura de informação fundamentalmente nova que descansa sobre a premissa que indivíduos, não instituições, se tornarão o lócus gerencial responsável pelas informações referentes a eles. A abundância trabalha em nosso favor permitindo a criação de informações comuns gerenciadas coletivamente ao redor do mundo. No senso mais verdadeiro, nossas instituições poderão então se tornar portais, ou talvez mais adaptáveis, espaços vagos onde alunos, servidores, professores e outras informações pessoais são estacionados. Talvez então, muito estudo não causará necessariamente a “fadiga da carne”.

Notas

Uma versão anterior desse artigo apareceu em Journal of Asynchronous Learning Networks, vol. 8, no. 1 (February 2004), http://www.sloan-c.org/publications/jaln/.

[1] Daniel Bell, The Coming of Post-Industrial Society: A Venture in Social Forecasting (New York: Basic Books, 1973).

[2] Peter Lyman and Hal R. Varian, “How Much Information? 2003,” Web site, http://www.sims.berkeley.edu/research/projects/how-much-info-2003/ (accessed November 7, 2003).

[3]. Clifford Lynch, “Life after Graduation Day: Beyond the Academy’s Digital Walls,” EDUCAUSE Review, vol. 38, no. 5 (September/October 2003): 12-13, http://www.educause.edu/ir/library/pdf/erm0356.pdf (accessed November 7, 2003).

[4] Christopher Burns, “Three Mile Island: The Information Meltdown,” in Forest W. Horton Jr. and Dennis Lewis, eds., Great Information Disasters: Twelve Prime Examples of How Information Mismanagement Let to Human Misery, Political Misfortune, and Business Failure (London: Aslib, 1991), 54.

[5] Sue Myburgh, “Strategic Information Management: Understanding a New Reality,” Information Management Journal, vol. 36, no. 1 (January/February 2002): 36–38, 42–43.

[6] Russell L. Ackoff, “Management Misinformation Systems,” Management Sciences, vol. 14, no. 4 (1967): B147.

[7] Bonnie A. Nardi and Vicki L. O’Day, Information Ecologies: Using Technology with Heart (Cambridge: MIT Press, 1999), 49.

[8] Thomas H. Davenport, Information Ecology: Mastering the Information and Knowledge Environment (New York: Oxford University Press, 1997), 5.

[9] Vannevar Bush, “As We May Think,” Atlantic Monthly 176 (July 1945): 101–8,
http://www.theatlantic.com/unbound/flashbks/computer/bushf.htm (accessed November 7, 2003).

[10] Nardi and O’Day, Information Ecologies, 56.

[11] Bush, “As We May Think.”

[12] Davenport, Information Ecology, 20.

[13] Bush, “As We May Think.”

Paul B. Gandel Paul B. Gandel, Ph.D. Vice Presidente de Tecnologia de Informação, professor de Estudos de Informação, Serviços de Computação e Mídia da Syracuse University. Richard N. Katz é Vice-Presidente da EDUCAUSE. Susan E. Metros é professora de Tecnologia de Design, empossada CIO, e diretora executiva para eLearning na Ohio State University.

Comentários sobre esse artigo podem ser enviados aos autores em gandel@uri.edu, rkatz@educause.edu, e metros.1@osu.edu.

O artigo original foi publicado em:

EDUCAUSE Review, vol. 39, no. 2 (March/April 2004): 40-51. Traduzido e reproduzido com permissão dos autores. Uma versão anterior do artigo encontra-se no Journal of Asynchonous Learning Networks, vol. 8, no. 1 (February 2004).


Produção editorial em biblioteconomia

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texto original de Gustavo Henn publicado na revista ExtraLibris em 2004.

Dia desses li uma entrevista do professor Briquet de Lemos, um dos grandes nomes da biblioteconomia nacional, que comanda a editora homônima, única especializada em publicações nas áreas de biblioteconomia e ciência da informação neste país. O que mais me chamou a atenção, além de ter descoberto que ele é pai dos irmãos Lemos do Capital Inicial (acho que só eu não sabia disso), foi o que ele apontou como causa da produção editorial em CI no Brasil não ser satisfatória. Ele não culpou a falta de leitura dos bibliotecários, não culpou os preços dos livros, dois mitos ultrapassados e equivocados quando se trata de impressos. Ele reclamou foi da falta de autores, da falta de produção. Prova disso são os lançamentos do ano de 2005 da editora. Do quatro livros novos no site, três são ou segunda edição ou relançamento.

Ao ser perguntado sobre a produção editorial da área no Brasil, respondeu: “Pouco se publica. Pouco se escreve orientado para estudantes e profissionais. Os apelos que tenho feito para que os autores potenciais me apresentem originais de livros publicáveis não são respondidos. Parece que não há um compromisso dos professores, muitos portadores da indispensável qualificação e da desejável experiência, no sentido de dotar o ensino e a profissão de instrumentos de aprendizagem adequados e em variedade suficiente”. É sobre essa afirmativa, tão alarmante quanto grave, que quero comentar.

Pouco se publica. É verdade. Sejam livros ou sejam artigos, muito pouco se publica em CI no Brasil. Não é preciso muito esforço para comprovar, basta fazer uma pesquisa no google e ver que nem sequer há blogs em quantidade razoável sobre a área. Há, no entanto, ótimas experiências e iniciativas, entre as quais destaco o blog Bibliotecários sem fronteiras, o Portal do Profissional da Informação da UFMA (em fase de reestruturação), e o portal do professor Oswaldo Almeida Junior, além da ExtraLibris.

Pouco se escreve orientado para estudantes e profissionais. Não se publica por não haver o que publicar ou não se produz por não haver onde publicar? Um pode ser o corolário do outro. No entanto, ao se fazer um levantamento nos periódicos da área, percebe-se que há sim produção e publicação orientada a estudantes(ainda que de pós-graduação). O problema é que boa parte dos novos autores que escrevem para periódicos científicos estão em busca de mais pontos no currículo, ou de cumprirem uma tarefa de casa da pós graduação. Enquanto que os mais experientes pretendem consolidar seu nome em algum tema, ou dar retorno de suas pesquisas aos financiadores. Isso tudo resulta em artigos medianos, sem novidades nem sequer variações sobre o mesmo tema. De cabeça, sou capaz de afirmar que 90% das publicações da área são de professores universitários. E o restante fica com os pós-graduandos. Isso acarreta em dois sérios problemas. O primeiro: a linguagem(e o temário) academicista utilizada tanto por professores quanto por pós-graduandos afasta os profissionais e os estudantes da graduação dessas publicações. O segundo, e mais grave, é que desencoraja a produção de profissionais que possuem apenas experiência e não títulos. Como concorrer com um pós-doutorado?

Os apelos que tenho feito para que os autores potenciais me apresentem originais de livros publicáveis não são respondidos. Parece que não há um compromisso dos professores. Os problemas que apontei acima, recaem mais gravemente neste parágrafo. Parece-me explícita a idéia de que “autores potenciais” são professores. (O que é uma falácia, Felícia). Mas contando que seja um desejo, os professores parecem então terem mais o que fazer do que ficar escrevendo livros. Ou será que, em verdade, eles admitam que não há o que escrever? Que tudo o mais já foi escrito? Sim, pois a biblioteconomia apesar de todos os esforços, ainda é bastante fechada a inovações, a invenções, a contestações. E escrever é, sobretudo, um ato de divergência, de questionamento, de dúvida, de subversão. E os bibliotecários ainda não estão acostumados com essas palavras.

É como se fossem suficientes os livros que já existem, e os autores que já existem. Tem-se que ir atrás de quem quer escrever e escreve, de quem quer produzir e produz. De quem pensa. De quem tem mais do que uma boa idéia na cabeça. Aos poucos, estamos nos encontrando.

O que vem a ser software bibliotecário

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por Gustavo Henn

“CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA

ACÓRDÃO No- 39, DE 5 OUTUBRO DE 2005

Processo CFB N.º 069-2004. Recorrente: Hilda Maria Fiúza Abras Reinehr.

Recorrido: Conselho Regional de Biblioteconomia – 10ª Região – Porto Alegre – RS. A Plenária do Conselho Federal de Biblioteconomia reunida em sua Câmara Ética na Sessão Ordinária em Brasília/DF, no dia 17 de setembro de 2005, à unanimidade, decidiu pelo desprovimento do recurso, face manifesto ilícito consumado em virtude de comercialização, por profissional bibliotecário, software substituindo o trabalho de outro profissional bibliotecário. Ofensa ao disposto nas Leis 4.084/62, 9674/98, e Decreto 56.725/65, em especial à Resolução CFB N.º 42/2001 – Código de Ética Profissional, alínea “a” do art. 2º, alínea “h” do art. 3º, alíneas “b” e “d” do art. 6º. autuação regular.

Prazo para defesa. Julgamento realizado decidindo, como penalidade, censura pública e a aplicação de multa com base no art. 40, incisos I, II e § 1º da Lei 9.674/98. Pelo improvimento do recurso.

RAIMUNDO MARTINS DE LIMA

Presidente do Conselho

fonte: DOU, Seção 2, nº 193, 06.10.2005, p. 372″

Acima está um dos maiores absurdos que já vi em vida (até por que na morte ainda não vi nada). Estão penalizando uma bibliotecária por “comercializar” um software que substitui o trabalho de outro bibliotecário. Ora, fazer isso é admitir que nós bibliotecários podemos, sim, ser substituídos por um mero software, o que me me faz sentir obsoleto. Será que um médico, um engenheiro, um advogado, um jornalista, um pedreiro, um jogador de futebol ou de basquete, um eletricista, um torneiro mecânico, enfim, algum outro profissional pode ser substituído por um software? Seria esse software, livre? Se for, ótimo, facilita o trabalho para aqueles que quisererm trocar seu bibliotecário por algo mais moderno.

Já fiz o meu desabafo. Agora, passo a analisar mais friamente a questão. A recorrente Hilda Maria Fiúza Abras Reinehr foi condenada em primeira instância(para ela ter sido julgada pelo CRB local, é provável que foi denunciada por alguma outra bibliotecária, que se sentiu diminuída por ser substituída por um software – essa bibliotecária denunciante sim deveria ser condenada e ter seu registro no CRB cassado para todo o sempre), e recorreu ao CFB, para ter direito de comercializar um software, que acredito seja um software qualquer para automação de rotinas de biblioteca, tipo empréstimo, devolução, catalogação, classificação – ou seja, igual ao que a maioria dos bibliotecários utiliza para trabalhar(agora me surgiu uma dúvida, será que o CFB vai me condenar por utilizar o GNUTECA quando eu deveria utilizar um outro bibliotecário para trabalhar por mim? Sim, a preposição é POR, posto que se o software substitui o trabalho do bibliotecário, e eu o utilizo, ele, o software, está fazendo o meu trabalho no meu lugar. Nada mais cômodo), e perdeu também no CFB, tendo sido, através do acórdão acima, penalizada.

Diz o acórdão que tal ato ofendeu o disposto nas leis 4.084/62, 9674/98, e Decreto 56.725/65, que são as leis que regem a profissão, e em especial, ou seja, de forma mais grave, à Resolução CFB N.º 42/2001 – Código de Ética Profissional, alínea “a” do art. 2º, alínea “h” do art. 3º, alíneas “b” e “d” do art. 6º. O que diz tais alíneas do Código de Ética:

Art.2º – Os deveres do profissional de Biblioteconomia compreendem, além do exercício de suas atividades:

a) dignificar, através dos seus atos, a profissão, tendo em vista a elevação moral, ética e profissional da classe;

- Gostaria de saber como podem considerar que a comercialização de um software para bibliotecas compremete a elevação moral, ética e profissional da classe. Acho que este tipo de acórdão compromete muito mais.

Art. 3º – Cumpre ao profissional de Biblioteconomia:

h) combater o exercício ilegal da profissão;

- Aqui está o meu medo. Se esta alínea foi inclusa, é por terem considerado que o software estava exercendo ilegalmente a profissão(eu vou tratar de providenciar o CRB pro meu GNUTECA. Aconselho que façam isso também).

Art. 6º – O Bibliotecário deve, com relação à classe, observar as seguintes normas:

b) zelar pelo prestígio da Classe, pela dignidade profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições;
d) acatar a legislação profissional vigente;

- Como se pode zelar pelo aperfeiçoamento de suas instituições se não se pode nem “contratar” um software, tem que ser um bibliotecário?

É por acórdãos assim que a profissão tem o nível de reconhecimento que tem, hoje, no Brasil. É contra esse tipo de pensamento, que o conselho de ética do CFB, por unanimidade, acredita ser o legal, que nós precisamos nos posicionar. Através de nosso comprometimento com a sociedade, de nosso comprometimento com a biblioteconomia inteligente, sagaz, dinâmica, feita por profissionais diferenciados, INSUBSTITUÍVEIS (seja por software ou por qualquer outro profissional), que vamos condenar isto ao passado da nossa profissão.

E tenho dito.

(Sobre a Hilda, vi pelo google que ela coordena a Biblioonline, que nada mais é do que uma consultoria em biblioteconomia, que oferece projetos de várias naturezas para unidades de informação. E pelo que li no site, o software em questão deve ser o PHL)

Como se faz um livro?

Biblioteca Pública de Cincinnati

Gametecas

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texto de  Gustavo Henn publicado em 2005 na ExtraLibris

1. Are you ready? Press start.

Talvez quando foram criados, ainda na década de 60, os jogos eletrônicos fossem encarados apenas como um passatempo moderno, uma diversão efêmera para crianças e desocupados. Entretanto, quatro décadas depois, os games se transformaram em uma das indústrias mais lucrativas do mundo, superando, para surpresa de muitos, a de Hollywood e a dos Brinquedos. E não pára de conquistar adeptos. Justo o contrário, não os perde, pois mantém os antigos jogadores criando novos jogos, num típico caso de economia da informação: cada jogo difere um pouco da versão anterior, um personagem a mais, um tesouro novo escondido, um nível a mais de dificuldade.

Claro, o mercado de games passou por altos e baixos nesse tempo, viu empresas gigantes surgirem, caírem e se reerguerem (quem diria, ein, Super Mario?!). Em alguns momentos faltou imaginação, como os anos que antecederam o NES e o Master System. Mas a verdade é que cresce a cada instante, movimentando bilhões de dólares ao redor do globo, gerando emprego e lucro.

O que mais chama a atenção, é a dita “magia” do jogos eletrônicos. No fundo, são todos simuladores. Por uns instantes, o jogador é o herói dos quadrinhos ou do cinema, é o astro das quadras ou das máquinas. Quem nunca quis fazer uma cesta como Jordan ou encarnar o Homem-aranha?

Não é só isso. Alguns jogos simulam guerras passadas, personagens históricos. Outros vêm com sua própria história montada, para envolver os jogadores(como a clássica série de RPG, Final Fantasy, que virou até filme). Há os que exigem raciocínio, paciência, agilidade, esperteza, sorte e tudo isso junto mais força, destreza, reflexos apurados. Tem para todos os gostos, e todas as idades. Os jogos modernos prezam pela verossimilhança. O game Senhor dos Anéis, por exemplo, interpõe partes do filme durante o jogo. Para jogos de RPG, orquestras inteiras são contratadas para executarem a trilha sonora, de autoria de um compositor renomado. Os melhores jogos(e, hoje em dia, não se admitem games apenas bons) exigem a consultoria de pesquisadores, historiadores, arqueólogos, continuístas…

No entanto, apesar disso tudo, o potencial informativo e educativo dos jogos eletrônicos não é devidamente aproveitado. Em parte devido ao preconceito de que é coisa pra criança, o que, como articulado acima, não é mesmo.

Os bibliotecários como gestores de unidades de informação, logo, têm a obrigação de despertar para esse material, da mesma forma que já foi feito com os gibis e com os brinquedos. É preciso colocá-los nas bibliotecas, fornecê-los aos usuários de forma democrática. Do mesmo jeito que os livros são caros, os games também são.

Este texto propõe como selecionar esse material de acordo com o público e com a instituição, dando, sempre que couber, dicas de títulos de jogos.

2. Round two. Fight!

Assim como com a informação, existem vários suportes para os jogos eletrônicos. Desde os tradicionais consoles conectados a uma TV, até celulares de última geração, passando por Arcades, portáteis e, claro, computadores, consequentemente, jogos que só existem na internet. No entanto, o foco deste trabalho é a biblioteca, unidade de informação fixa em um ambiente. Cabe, então, excluir Arcades, por serem grandes, ocupando muito espaço na biblioteca e por, em geral, comportarem apenas um jogo. E a seleção aqui é de games, e não de videogames. Celulares, como suporte, também estão de fora, já que se prestam a outras funções e são, em geral, caros. Ficam, basicamente, dois tipos: os consoles, que devem ser conectados a uma TV, e os computadores.

Uma breve comparação entre PCs e consoles, permite descobrir que os computadores são um pouco mais lentos, pois têm uma certa capacidade de sua memória ocupada com outras operações, enquanto que nos videogames a memória é toda para o jogo. Uma vantagem para os PCs é poder, através de emuladores, rodar qualquer jogo de qualquer videogame. Mas o principal atrativo dos games em PCs é o jogo em rede e em tempo real, algo em que os consoles estão engatinhando.

A configuração mínima para um computador rodar Battlefield 1942, por exemplo, é 800Mhz de processador, Windows 98 ou superior, 512 de RAM e placa de vídeo de 64 e de som compatíveis com o Direct X, além de 1,6 GB de espaço no HD, mais alguns megas livres. Em termos financeiros, entre R$ 2.500,00 e R$ 3.000,00. Sem contar os acessórios como manches, joysticks, microfones, óculos, pistolas, etc., que tornam o jogo mais real e mais divertido.

Entre os consoles, os mais vendidos atualmente são:

Playstation 2: é o que faz mais sucesso atualmente, da SONY, veio substituir o Playstation, plataforma mais vendida dos últimos anos. Utiliza CDs, o que barateia o custo por jogo(e facilita a cópia ilegal), serve como DVD, para escutar CDs e para jogos em rede, embora este último recurso seja de difícil acesso.

GameCube: aposta da Nintendo, outrora a maior empresa do mundo dos videogames, para manter-se competitiva no mercado.

X-Box: Bill Gates não quis ficar de fora do mercado de games. A Microsoft entrou pesado e já promete um novo console para os próximos anos.

O preço médio desses consoles fica entre R$ 1.000,00 e R$ 1.500,00 e a tendência é baixar quanto mais perto chega do lançamento de um novo.

Ou seja, montar uma estrutura para games em uma biblioteca custa caro. É preciso, além dos consoles, televisores adequados, mesas e cadeiras ergonomicamente corretas, ambientação agradável, o que exige contratação de empresas e profissionais qualificados. O custo com manutenção é alto e arriscado, pois são poucas as assistências técnicas autorizadas desses videogames no Brasil. Os jogos são difíceis de encontrar, e caros, em versões originais.

Uma alternativa para baratear os custos, é buscar comprar consoles usados e fora de circulação. Embora os riscos com manutenção aumentem, nesse caso.

 

3. Now, loading…

Existem várias categorias de games. Algumas vieram dos filmes: ação, aventura, estratégia. Outras, dos esportes: corrida, futebol. Outras, dos jogos tradicionais conhecidos: shooters, puzzles, RPG. E a categoria original do videogame: simulação.

Definir cada uma é difícil, pois em alguns momentos se confundem, apresentando características em comum. De qualquer forma, as que mais se destacam são:

Ação/Aventura: normalmente inspirados em filmes, desenhos e gibis; em alguns casos, como Tomb Raider, ocorre o inverso. Baseia-se num controle em 3ª pessoa (o jogador vê o boneco de corpo inteiro, agindo) em que a pancadaria e os tiros reinam. Não há muito o que pensar nesse tipo de jogo, é atacar até o último inimigo. Bom para quem tem reflexos rápidos e gosta de se sentir pressionado. A dificuldade aumenta na medida em que as fases vão avançando. É comum encontrar um “mestre” ao final de cada estágio. Talvez o primeiro jogo desse tipo tenha sido Pit Fal, do atari, o Indiana Jones dos games. Entre os jogos mais conhecidos, Prince of Persia, Sonic, Super Mario, Megaman, GTA, além dos filmes que fazem sucesso, como Matrix e Senhor dos Anéis.

Estratégia: Podem ser confundidos com os de ação/aventura. A diferença é que exigem do jogador um pouco mais de paciência para solucionar o enredo do games. Podem vir em 3ª ou 1ª pessoa(o jogador tem a visão do ambiente direto na tela, não vê o personagem que controla). Existem, basicamente, dois tipos: o primeiro, mais parecido com ação/aventura, em que o jogador, para evoluir no jogo, deve estar sempre cumprindo as missões, algumas realmente complicadas, enquanto enfrenta inimigos com armas de fogo ou com as próprias mãos. O outro tipo de jogo de estratégia é o que envolve mapas e povos em guerra. Cabe aos jogadores criar a melhor estratégia para derrotar os adversários. Esse tipo de jogo exige uma certa noção de administração e disciplina, pois envolve atividades bélicas reais, como tempo para treinar soldados, matéria-prima para construir armas, alimentação, armaduras, equipamentos(como navios, aviões, etc.). E atacar sem estar bem preparado é um erro. Entre os mais conhecidos, do primeiro tipo: Metroid, Medal of Honour(que é também um shooter) e Diablo. Do segundo: Age of empires, Warcraft, Roma, Age of mythology.

Esportes: Em alguns documentos de seleção, de acordo com a instituição, deve ser melhor dividir esta categoria por esporte, posto que existe uma variedade muito grande de títulos para esportes populares, em especial Futebol, Corrida e Basquete. Os games de esportes prezam pelas regras, o que obriga o jogador a conhecê-las e respeitá-las. Os melhores trazem os atletas da atualidade, e os maiores da história, refletindo suas habilidades, como velocidade, força, técnica. A parceria de desenvolvedoras de games com clubes e entidades desportivas gera lucros para ambas e, mais ainda, para os gamemaníacos, que controlam seu clube preferido utilizando o padrão original, inclusive com os patrocinadores. Em jogos de corrida, existem dois tipos, os que prezam pelo esporte, aí incluídos os do circuito oficial de automobilismo e motovelocidade, e os que prezam pelo veículo. As empresas do ramo parecem investir pesado nesse tipo de game, fornecendo, além de suas marcas, as características de seus carros(ainda que nem sempre condizentes com a realidade). Em alguns jogos é possível o jogador ir montando seu veículo e adaptá-lo ao circuito e ao clima em que vai correr. Ou seja, colocar pneus de chuva, aumentar o freio, diminuir a suspensão, entre outros ajustes, dos mais simples aos mais complexos. Entre os jogos mais conhecidos, é impossível não falar da EA Sports, talvez a principal empresa de games esportivos, que tem acordos com as principais ligas e entidades esportivas do mundo, inclusive INDY CAR, FISA, NBA, NFL, NHL, FIFA e UEFA, tendo seus jogos com os nomes das ligas, utilizando clubes, jogadores e patrocinadores oficiais da temporada em vigor. Outro jogos conhecidos: Winning Eleven(Pro-Evolution soccer na versão de PC), da Konami, que rivaliza com FIFA soccer da EA pelo título de melhor game de futebol, Need For Speed, talvez a melhor série de games de corrida que existe. Destaque para a edição atual, NFS Underground II, em que os carros podem ser adulterados para ganhar mais potência e o circuito são as ruas. Inspirado no filme Velozes e furiosos.

Luta/Combate: é um dos tipos de games mais praticados em Playtimes(casas de games que utilizam arcades). É um combatente contra outro. Dependendo do tipo de jogo, técnicas de artes marciais são utilizadas, como Kung Fu, Karatê e Capoeira. No entanto, a maioria dos jogos apelam para magias e armas. Até poucos anos atrás, eram jogos bastante populares também fora dos arcades, com títulos como Street Fighters e Mortal Kombat, este é digitalizado(atores são filmados para incorporar os personagens) e tem como marca principal a violência. O tipo de exigência de cada combatente é variado. Sempre tem aqueles mais lentos e mais fortes, que exigem paciência e técnica do jogador. Existem também os mais leves e rápidos, que exigem reflexo e uma boa capacidade motora de quem os controla. Tem os que não são bons em contato físico, que são melhores no combate a distância. Além dos já citados, destacam-se: The king of fighters, Capcom vs. Marvel, Tekken, Samurai Shadow. Desenhos como Pokemon e Digimon também inspiraram jogos nesse sentido.

RPG (Role-Playing Games): são jogos de encenação, em que o jogador é o próprio personagem. Bastante praticado fora dos videogames, este tipo de jogo envolve magia, história e fábulas com realidade. Ao contrário dos demais jogos que envolvem ação e aventura, nem sempre o mais forte ou o mais rápido se dá bem. Nesse tipo de jogo, a humanidade do jogador é posta em questão, caráter, humildade, lealdade, perspicácia são exigidas em boas doses. No entanto, deve-se atentar para o fato do jogador ser o personagem, e dever agir como tal. Ou seja, caso um garoto esteja controlando uma mulher, ou uma criança, deve se pôr na pele do ser que interpreta. Em alguns casos é preciso interpretar ladrões e assassinos. É um jogo que trabalha muito bem a emoção. Principais títulos: ZELDA, Final Fantasy, Chrono Trigger.

Shooters: são os jogos de tiro, em 1ª pessoa normalmente. Alguns são simuladores oficiais de treinamento, como o America’s Army, do exército norte-americano. Outros shooters, como Rainbow Six, são usados para treinamentos de operações táticas de polícias militares, para ações em perímetro urbano. Há também shooters mais bem elaborados, como a série Battlefield, até agora com dois jogos, 1942 e Vietnam. Neles, nota-se a seriedade com que foram elaborados os mapas das batalhas, as vestes, as armas, os tipos de comando, os veículos, os cenários. No Battlefield Vietnam, em alguns lugares se pode escutar o alto-falante com uma voz feminina dando boas novas aos soldados, tocando o rock da época, enquanto no rádio o comandante diz “is better start to fight, soldier…”. Mas talvez o que mais chama a atenção desse tipo de game é a disputa em rede, os chamados jogos multiplayer. Formam-se clãs, existem torneios com premiações altas, as LAN-Houses vivem cheias. Os melhores jogadores colaboram para revistas, viajam. Entre os mais conhecidos, além dos já citados: Counter Strike(que é um caso de jogo Mod – modificado – que fez mais sucesso que o original, Half Life), Quake, Doom, The Punisher(um clássico), Medal of honour(que também entrou como sendo de estratégia), Splinter Cell, Far Cry, SWAT(este último também aplicado para treinamentos militares) e Resident Evil, que já está na 4ª edição nos games e se prepara para o volume três nos cinemas.

Simulação: como já foi dito, todos os jogos de videogame são de simulação. O que vai diferenciar esta categoria das demais, no entanto, é o fato de que aqui entram jogos, basicamente, de administração. De tudo, de cidades a times de futebol, passando pela administração da própria vida. São jogos que estimulam a visão sistêmica, global. Por exemplo, alguns managers(como se chamam os simuladores de administração de times de futebol) exigem além de entender do esporte, colocando o melhor esquema e os melhores atletas, que o jogador entenda de finanças, fazendo contratos de patrocínios e de salários com os atletas, saiba negociar vendas, trocas e compras de atletas, e ainda entenda de psicologia esportiva(!), caso tenha de punir algum subordinado por indisciplina em campo. Já em jogos como SimCity, simulador de cidade, é preciso entender um pouco de arquitetura e urbanismo, para planejar onde ficará a zona rural, a zona industrial, o comércio, as residências, os órgãos do governo, etc. Ter noção de administração pública(!), cobrando impostos altos ou baixos e sabendo onde aplicá-los. Ter controle sobre violência, empregabilidade e até de crescimento populacional da cidade. Existem simuladores para quase tudo, entre os mais conhecidos: a série SimCity, The Sims, Total Manager, e o clássico dos PCs, Elifoot.

 

4. Please, choose a weapon.

Depois de conhecer algumas das categorias de games, é preciso saber onde aplicá-las. Em escolas de idiomas (principalmente inglês, claro) é comum ver jogos eletrônicos nas salas de computadores e bibliotecas. Mas em outros tipos de instituição, há um grande preconceito por parte de pais e educadores, que mantêm o tradicionalismo dos livros e das tarefas de casa. Em universidades, apenas os cursos de computação se utilizam desse recurso, até porque é nas universidades que a maioria dos joguinhos para celulares e internet são criados. No entanto, o Desafio SEBRAE, que envolve milhares de universitários brasileiros, em suas primeiras etapas é disputado a partir de um jogo online, de simulação de uma empresa, similar aos já existentes. As propostas, por isso, começam com as universidades.

a) Universidades: os jogos de simulação ensinam noções de administração, pois trabalham, como dito mais acima, com a visão sistêmica, global. Exigindo do jogador planejamento estratégico, objetivos, plano. O que ajudaria bastante os estudantes de administração e cursos afins, como engenharia de produção, marketing e ciências contábeis.

Alguns jogos de estratégia ajudariam estudantes de história, geografia. A primeira, pode promover debates em cima da versão histórica apresentada pelos jogos para tudo o que há nele: personagens, utensílios, armas, construções. A segunda, pode conferir como questões de minérios e vegetação são abordadas, por exemplo. A série Battlefield, que é um shooter, é rica nesses detalhes. Ambos os jogos, Battlefield 1942 e Vietnam trazem informações sobre armas, veículos e até política da época. Quanto ao ambiente, no Vietnã percebe-se a selva, o charco, algumas plantações de arroz representadas. As vilas locais com algumas palafitas e casas de madeira em geral. Já no 1942, segunda guerra, alguns cenários incluem neve, as vilas são mais estruturadas, com casas de alvenaria e vez ou outra encontra-se uma igreja(e dentro dela toda a opulência católica).
A arquitetura pode se valer de jogos de simulação, como SimCity e The Sims, para estudar urbanização, tipo, onde colocar o comércio, a indústria, as residências, as áreas de lazer. Talvez se Lúcio Costa tivesse jogado algum SimCity, a partir do 2000, tivesse colocado uma biblioteca no plano diretor de Brasília(mais uma que eu devo ao Edson Nery). Pois as bibliotecas aparecem, ao lado de museus, escolas e universidades, como as opções de educação neste game. E, caso a população não esteja sendo bem atendida nesse sentido, ela reclama.

Alguns cursos de engenharia mecânica, mecatrônica, elétrica, podem utilizar os jogos em que se montam aviões, carros, navios, para testar seus rendimentos em diferentes ambientes. Os cursos de educação física se beneficiariam bastante ao utilizar games de esportes para ensinar técnicas e regras. Ainda mais se forem de esportes pouco praticados no Brasil, como futebol americano e Beisebol. É possível aprender táticas de ataque e de defesa, dribles, truques, apenas controlando um joystick. O computador não erra. Embora, em jogos de futebol, alguns juizes estejam sendo programados para errar de vez em quando. Tornando-se mais real, pois o futebol de campo, ou de 11, é um dos poucos esportes que ainda não aceitou a interferência eletrônica para fazer valer suas regras. As falhas humanas também fazem parte do jogo(e a mão de Deus também). E isso deve ser refletido nos games.

b) Escolas de idiomas: já utilizam os games, mas ainda não da melhor maneira. Os RPGs são os mais indicados, por trazem enredo e diálogos constantes na língua do jogo, prendendo a atenção dos jogadores. Jogos multiplayer também devem ser incentivados, principalmente quando os adversários são de países das línguas em questão, embora haja grande risco de se aprender também palavrões e gírias, o que também é um aprendizado.

c) Ensino primário: no ensino primário tudo é ensinado, de contas simples à convivência humana. Deve-se atentar, antes de mais nada, à faixa indicativa dos jogos, para não oferecer jogos que contenham sexo e violência aos menores. Deve-se estimular games que trabalhem a questão da leitura, como os já citados RPGs. Jogos de futebol auxiliam na assimilação do mapa mundi, a diferenciar os continentes, saber onde estão os países. Para a convivência, games em que se atue em equipe, de estratégia ou de ação/aventura. Para competição, que também é convivência, games de combate e shooters multiplayer são indicados.

d) Bibliotecas públicas: pode pedir doações tanto de consoles quanto de games para permitir a utilização desse tipo de material pelas comunidades mais carentes. Como o principal público deste tipo de biblioteca é composto por escolares, games de ação/aventura e esportes devem ser prioridade, por entreterem os mais jovens. Caso haja a possibilidade de uso de PCs em rede para isso, os jogos de multiplayer e de estratégia são os mais indicados.

e) Bibliotecas empresariais: algumas empresas dispõem de espaços para seus executivos relaxarem, não chega a ser uma biblioteca, é uma sala ampla, com livros, revistas, chá, café, biscoitos, sofás, divãs, tudo o que se pode querer para desestressar em algumas horas. Já que é para relaxar, shooters e jogos de combate não são indicados, por trazerem uma certa carga de tensão que é exigida por esses tipos de games. Jogos “calmos” são os mais indicados, ou seja, estratégia, simulação e RPG, que trabalham a mente do jogador no sentido de encontrar soluções, planejar, com tranquilidade, sem a pressão de ficar escutando tiros ou levando socos e pontapés através de seus personagens. O The Sims leva o jogador a uma outra realidade, onde ele pode ser quem quiser. Bastante indicado.

 

5. Insert coin.

Para a aquisição tanto de games quanto de suporte, é importante conhecer algumas bases de dados disponíveis na rede, além de conhecer revistas disponíveis no mercado, os principais fabricantes e fornecedores. Tal qual deve ser feito com a aquisição de periódicos, livros ou qualquer outro material de informação. Para chegar nesse estágio, deve-se ter passado por todo o processo prévio de seleção, para tirar melhor proveito delas. Uma breve análise desses instrumentos auxiliares para a aquisição. Não será trabalhada nenhuma das principais formas de aquisição, compra, permuta nem doação. Esta etapa do desenvolvimento de coleções será utilizada para finalizar a seleção.

Bases de dados:

Moby Games (www.mobygames.com): um site bastante completo, que trabalha no sistema colaborativo. Traz informações sobre games e plataformas, inclusive PCs, fornecendo dados imprescindíveis para um rendimento otimizado das máquinas. Divide os games por categorias e subcategorias, ano e empresa fabricante, entre outras. Por receber colaborações de jogadores de diversas idades e diversas regiões, pode se fazer um levantamento das preferências por faixa etária, sexo, etc.

Game FAQs (www.gamefaqs.com): possui informações sobre os jogos, roteiros, guias especiais e dicas secretas. Também é colaborativo, por isso está sempre atualizado. É um grande tira dúvidas.

Video Game Museum (www.vgmuseum.com): se propõe a ser mesmo um Museu dos games, com informações sobre games e consoles antigos. De alguns games, é possível encontrar fotos, músicas e, muito importante, os finais completos.

Game Rankings (www.gamerankings.com): site bem interessante, pois traz avaliações dos games, rankeando-os periodicamente. Fornece também avaliações de outros portais, como o Yahoo!Games (www.yahoo.com) e o EuroGamer (www.eurogamer.net).

Social Impact Games (www.socialimpactgames.com): como diz o título, trata de games de impacto social. Classifica os games em categorias como: educação + jogos de aprendizagem, política + jogos sociais, jogos de negócio, entre outras. Traz também uma boa base de dados com artigos sobre o uso dos games em diversos setores.
Game Research (www.game-research.com): pesquisas sobre a influência dos videogames na sociedade.
Revistas:

PCGAMER (www.pcgamer.com.br): revista impressa, que traz sempre um CD com um jogo completo e alguns demos – demonstração. No seu interior, traz informações sobre o jogo do CD e algumas matérias sobre games.

Fabricantes:

EA – Eletronic Arts (www.ea.com): Uma das principais empresas do mundo dos games, especializada em jogos de esportes, EA Games. É responsável também por sucessos como Battlefield e The Sims.

Konami (www.konami.com): outra gigante entre as fabricantes de games. No mercado desde 1978, responsável por grandes sucessos como Castlevania e Winning Eleven.

 

6. Finish him!

Infelizmente, o mundo dos games não chega a todos. Junta o preconceito de ser considerado coisa de criança, com os altos preços cobrados, devido ao fato de muitos produtos serem importados. Acabam vistos como “brinquedos de luxo”. No entanto, como já visto, por envolverem equipes multidisplinares na sua criação, exigindo conhecimentos aprofundados em determinadas áreas para uma constituição mais realística do que se pretende, os games são, em verdade, importantes instrumentos informativos e educativos, talvez até formativos. Alguns grupos estrangeiros concentram esforços nesses pontos, entre outros, vale a pena conferir o Serious games (www.seriousgames.org), que é um blog sobre o uso de games na educação.

Entre os jovens, o tempo jogando games é maior do que na escola, assistindo TV ou mesmo navegando na internet. Alguns games trazem benefícios intelectuais, como tentou-se explicar acima. Fisicamente o desgaste é grande, devendo haver um controle sobre o tempo de uso e acomodação do local, de acordo com normas ergonômicas.
É um material que precisa ser analisado e bem utilizado. E os bibliotecários têm um papel fundamental nesse processo.

 

Referências
TORI, R.(2005) Game e treinamento profissional. In: Festival de Jogos Eletrônicos, SESC – Pompéia/SP.

Melhores filmes de 2013

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A grande beleza
Room 237
Los Amantes Pasajeros
Behind the candelabra

Overrated
act of killing
gravity
before midnight
frances ha
upstream color

Remanescentes de 2012
Chasing Ice
Mud
The Hunt
No

Top 10 posts mais populares de 2013

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Anúncios publicitários brasileiros de informática nos anos 80

川崎の注文住宅からブラジルへ、イメージは広がります。

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知り合いの息子さんが
ブラジルの日本語学校で教えているそうです。
話を聞いて驚いたのですが、ブラジルの日系社会は歴史が古く、
都市部だけでなく田舎の農村にも日本語学校があるそうで、
日本語が思ったよりも深く浸透しているそうです。
ブラジルの公立学校ではポルトガル語が話されています。
公立学校は半日授業なので、空いた半日を利用して
日本語学校に通っている日系の子供が多いそうです。
例えば川崎の注文住宅がある辺りは住宅密集地ですが、
こうした規模の日本人コミュニティから
ブラジルの日本文化が始まったという感じなのでしょうか。

カラコンの通販で乱視用は買える?

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大学生のいとこがカラコンを通販で買いたいそうで、
良いショップがないか教えてほしいと連絡がありました。
そういえば以前、
友人がカラコンの通販事業をしている話をしたことがあったので、
その友人に連絡を取ってみたところ
クーポンのプレゼントとサイトの紹介をしてくれました。
今はカラコンの通販で乱視用も買えるんですね、
まあ、いとこは度なしのものを必要としており、
趣味で使いたいということなので
扱い方のアドバイスももらうことにしました。

車の製造とテレビ台の通販などの瑣末な商品製造。

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先進国・後進国のカテゴライズは
近い将来意味をなさないものとなるかもしれません。
ネットとPCの発達・普及にともないどこにいても技術さえあれば
どこでも教育と仕事行う事が可能となりました。
30年前の日本ではインドの学力を
浅く見ていたかもしれませんが、現在インドの世界屈指の
数学力とPC技術を保持していると誰もがしっています。
日本は車ばかり自国でつくり、テレビ台の通販などの
瑣末な商品は、物価が安い国で生産します。
資本主義の構造上GDPや物価ばかりで測りがちですが、
そろそろそれらのツケが回り、
教育や思想に身力を注ぐ国と立場が
ひっくりかえる日も近いのでないでしょうか。

北欧調のおすすめベッドがマスコットでイメージチェンジしました。

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私の会社は慈善事業の一環で
ブラジルの学校設備に投資を行っています。
元々は貧しい地域の子供や老人達への医療品の支援を
中心に行っていたのですが、かの国の教育事情から、
学校設備の投資へと支援が拡大して行ったのです。
先日支援を行っている地域の子供たちから
感謝の手紙が送られてきました。
子供らしいカラフルな手紙で貰ったこちらが元気になりました。
手紙の他に送られてきた子供たち手作りのマスコット、
さっそく自宅にある妻のおすすめベッドにつり下げて
飾っています。

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